terça-feira, 30 de junho de 2009

Sobre Honduras

Há um golpe militar em curso em Honduras. A novidade é que, pela primeira vez, todos os governos das Américas, dos EUA a Cuba, estão contra. Sobre isto, recomendo as seguintes leituras:
  • No blog da Miriam Leitão, a jornalista Débora Thomé apresenta o resultado de consultas a cientistas políticos especializados em América Central
  • No blog do Pedro Dória, uma análise de como os vídeos da repressão às manifestações estão vazando pelo Youtube
Vale dizer duas coisas:
  • Não acho que o presidente de Honduras seja santo, mas nada justifica o golpe
  • Se não é golpe, porque tiraram as TVs do ar, especialmente a CNN?

Quem vocês pensam que são?

O Google Analytics se mostrou uma ferramenta importante para eu descobrir quem são so leitores que andam dando as caras por aqui. A partir dele, foi possível compilar uma série de informações sobre vocês, leitores, que serão o subsídio para este post.

Permitam-me abrir um parentesis: falar sobre o blog é um excelente estratagema de quem está sem assunto para escrever. Funciona na maioria das vezes.

Neste mês de junho, sem contar o dia de hoje, tivemos 426 pageviews, bem mais que as 286 do mês passado. E tivemos 221 visitas neste período. Aliás, 56,11% das visitas foram de leitores novos do blog.

Algumas curiosidades:
  • 57,9% dos leitores pararam aqui por meio de outro site. Destes, a maioria (20,8%) vieram do blog Darwiniano, atualizado pelo meu amigo Marcelo "Darwinista"
  • O tema que mais rendeu pesquisas nos sites de busca foi o Estatuto do Nascituro. Aliás, 25% dos leitores de junho vieram por meio de sistemas de busca, principalmente do Google
  • O post mais lido foi o primeiro da série Dificuldades do Debate pela Vida, responsável por 9% das visitas ao blog neste mês
  • A maioria (201 visitas) das visitas são de brasileiros, principalmnente de São Paulo e Região Metropolitana. Contudo, tivemos aqui gente da Bélgica, França, Reino Unido, Portugal, Estados Unidos, Índia e Nova Zelândia. A cidade do exterior que mais fraquentou o blog foi Liege, na Bélgica
  • No Brasil o blog foi acessado de 29 cidades diferentes. As principais foram São Paulo (81 visitas), Rio de Janeiro (34), Fortaleza (17), Salvador (14), São José dos Campos (13) e Brasília (8)
  • Cada visita durou, em média, 2 minutos e 13 segundos.
Da minha parte, um obrigado a cada um de vocês. Apesar de os posts apresentarem um ponto de vista definido (o meu), tenho procurado tornar este espaço plural. Por isso todos os comentários tem sido liberados, principalmente aqueles que me contestam frontalmente. Aliás, quem mais ralha comigo por aqui são meus amigos de internet, o que só valoriza a amizade.

Em julho, esperamos avançar na construção deste cafofo. Obrigado a todos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Moratória da carne

Abrindo mais um tema para debates neste blog, a questão da rastreabilidade da carne. Abro com uma notícia dada pela jornalista Miriam Leitão em seu blog:

O frigorífico Marfrig se comprometeu a não comprar carne de gado criado em áreas desmatadas. Isso é que se chama moratória. É fácil cumprir o compromisso, basta usar imagens de satélite para verificar o desmatamento, e rastreabilidade para ver a origem do gado.

Quem ler este post, verá que uma das tags relacionadas é a defesa da vida. E é isso mesmo. Para defender a vida em todos os seus aspectos, é necessário defender o meio ambiente em que ela floresce.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um Plano de Hitler para matar Pio XII

Da agência Zenit:

Hitler queria sequestrar ou matar Pio XII, segundo confirmam novos testemunhos históricos revelados nesta terça-feira.

Dados sobre este objetivo já haviam sido oferecidos no passado. Em 1972, havia falado dele o general da SS, Karl Wolf, ao referir detalhes sobre um encontro que teve com o Papa Eugenio Pacelli no dia 10 de maio de 1944. No entanto, é a primeira vez que se recolhem detalhes concretos sobre o plano de eliminação do pontífice.

Nesta terça-feira, o jornal italiano Avvenire publicou um testemunho histórico que confirma o plano organizado contra o Papa pelo Reichssicherheitsamt (quartel general para a segurança do Reich) de Berlim, depois de 25 de julho de 1943.

O jornal cita uma fonte direta e testemunhal, Niki Freytag von Loringhoven, de 72 anos, residente em Munique, filho de Wessel Freytag von Loringhoven, quem então era coronel do Alto Comando Alemão das Forças Armadas (Oberkommando der Wehrmacht, OKW), e depois participaria de um falido golpe contra Hitler.

Segundo Freytag von Loringhoven, nos dias 29 e 30 de julho de 1943, houve em Veneza um encontro secreto para informar ao chefe de contraespionagem italiano, o general Cesare Amè, da intenção do Führer de punir os italianos pela prisão Mussolini, com o sequestro ou o assassinato de Pio XII e do rei da Itália.

No encontro participaram o chefe de Ausland-Abwehr (contraespionagem), o almirante Wilhelm Canaris, e dois coronéis da seção II para a sabotagem, Erwin von Lahousen e precisamente Wessel Freytag von Loringhoven.

Segundo Avvenire, este testemunho concorda com a deposição de Erwin von Lahousen no processo de Nurembergue de 1º de fevereiro de 1946 (Warnreise Testimony 1330-1430), no qual inclusive revela a reação de Freytag von Loringhoven ao conhecer o plano de Hitler: “É uma autêntica covardia!”.

O chefe de contraespionagem italiano, Amè, segundo este testemunho histórico, ao voltar a Roma após conhecer as intenções de Hitler em Veneza, divulgou a notícia dos planos contra o Papa para bloqueá-los. Estas notícias chegaram ao embaixador da Alemanha na Santa Sé, Ernst von Weisäcker, quem as recolhe em seu livro Erinnerungen (“Lembranças”), de 1950.

#forasarney

Esta é a mais nova tag de sucesso do twitter. Internautas estão mobilizados para expressar sua indignação com a probidade que reina na Cãmara Alta do Congresso Nacional. Se quiser participar, é só clicar aqui e mandar brasa no #forasarney.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Santo Antônio, rogai por nós


Amanhã, 13 de junho, é dia de Santo Antônio, que está na estampa ao lado. Conhecido por ser santo casamenteiro, o frade Antônio é um dos doutores da Igreja, reconhecido por defender a fé em meio às crises que começavam a acometer a Igreja durante o século XIII.

Em sua homenagem, cito um pequeno texto do padre Vieira, Sermão de Santo Antônio aos Peixes:

Pregava Santo Antônio na Itália na cidade de Arimino , contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são difíces de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande Antônio? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas Antônio com os pés descalços não podia fazer este protesto; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes.
Ás vezes gostaria que este blog fosse à prova d'água.

Origens cristãs do nazismo?

Entrar em certos debates tem sido um desafio árduo. Um deles é a correlação direta entre nazismo e ateísmo. Tenho presenciado diretamente circunstâncias nas quais, quando esta correlação é levantada, alguém, geralmente ateu, afirma que o nazismo é cristão. Com base em quais argumentos? Estes.

Diante disso, tomei a iniciativa de tampar o nariz e entrar neste tema. Por que ele é importante? De acordo com a lei de Godwin, “à medida que uma discussão na internet cresce, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Hitler ou nazistas aproxima-se de 1”. Afinal, o nazismo é um dos poucos consensos modernos: ninguém com a cabeça no lugar gosta de ser relacionado a eles.

Para dizer se o nazismo é ou não é cristão, é necessário definir o que é ser cristão. Para isso, adoto a convenção adotada pelo Conic (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs): são consideradas cristãs as denominações que “confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador, segundo as Escrituras e, por isso, procuram cumprir sua vocação comum para a glória de Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em cujo nome administram o Santo Batismo”. Ou seja, uma doutrina cristã reconhece:
  • a divindade de Cristo
  • o valor divino da Bíblia (inclusive o Antigo Testamento)
  • a doutrina da Trindade, ou seja, do Deus Pai, Filho e Espírito Santo
  • a admissão à fé pelo batismo
Só por aí, o nazismo não poderia ser considerado cristão, por rejeitar toda herança judaica na cultura. Isto incluiria todo o Antigo Testamento. Contudo, os defensores da “cristandade do nazismo” alegam que suas raízes estão expressas no livro Mein Kampf, do Hitler. Com estes, pouco adianta dizer que o Mein Kampf é um livro de propaganda, e que Hitler não era conhecido por seu compromisso com a verdade. Se quisermos provar que o nazismo não tem nada a ver com o cristianismo, temos que ir ao texto.

Senão vejamos:

  • A palavra Jesus nunca aparece no texto. O personagem Jesus é citado uma única vez, como “fundador da nova doutrina”, em contraposição aos judeus. Cristo aparece uma vez, em um texto que pretende acusar os judeus de sua crucificação. Deus aparece 43 vezes: 20 vezes em interjeições como “Graças a Deus!”, e 23 vezes em uso aparentemente religioso, na maioria das vezes para afirmar a superioridade da raça ariana.
  • A palavra cristão aparece 21 vezes, 17 delas em referência ao Partido Democrata Cristão (partido da atual chanceler alemã, Angela Merkel). Todas as referências ao partido, que congregava católicos e protestantes alemães e contava com o apoio dos cleros, são negativas. Destaque-se que uma das primeiras medidas de Hitler no governo foi fechar o partido.
  • A doutrina apresentada como cristã da superioridade da raça ariana não tem embasamento nem na doutrina, nem na prática cristã. Cinco séculos antes, o papa Paulo III declarou que índios e brancos têm a mesma dignidade, condenando a escravidão indígena. Na prática, a fé era defendida por descendentes de índios no México (no movimento conhecido como Cristeiro), e pelos menos dois judeus eram pessoas de destaque na fé: Edith Stein, que se tornou carmelita, e os irmãos Theodoro e Afonso Rattisbone foram os fundadores da Congregação de Nossa Senhora de Sion
  • Acima de qualquer fé cristã, o Mein Kampf exala uma fé na superioridade da raça ariana. Isto explica referências como: “O protestantismo representa, por si, melhor, as aspirações do germanismo, desde que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradições da sua igreja; falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos interesses nacionais tenha de realizar-se num domínio em discordância com a sua tradicional maneira de conceber os problemas mundiais”.

  • Alinhe isso tudo a uma situação clara de confrontação entre cristãos e nazistas:
    • Em 1933, os nazistas perderam em todos os distritos de maioria católica
    • O bispo de Munster, D. Clemens Von Galen, foi um dos principais opositores ao regime nazista
    • Também o teólogo protestante Karl Barth liderou uma corrente contra o nazismo
    • Em 1937, o papa Pio XI condenou o nazismo em sua Encíclica Mit brennender sorge
    • Seis mil padres católicos morreram em campos de concentração
    Acredito que estes pontos determinam mais claramente quem estava de qual lado durante o nazismo. Agora, pergunto: a quem interessa relacionar nazismo com cristianismo?

    terça-feira, 9 de junho de 2009

    Projetos católicos de saúde reprodutiva são referência no Zâmbia

    Da Agência Zenit, comento depois:

    A União Européia (UE) convidou o governo de Zâmbia a colaborar com a Igreja Católica para o desenvolvimento do país, informa a agência missionária da Santa Sé, Fides.

    A UE lançou um chamado ao governo para colaborar com a Igreja na divulgação de informações sobre a saúde sexual e reprodutiva, setor no qual – segundo um chefe da delegação que visita o país africano – tem uma função muito importante a desempenhar.

    Após ver os projetos sobre saúde reprodutiva sustentados pela Igreja, pediu também que esta intervenha na educação da população em saúde reprodutiva e sexual.

    Este chamado foi lançado em um momento em que a Igreja na África é responsável pela distribuição da maior parte dos medicamentos e dos tratamentos anti-retrovirais, segundo Fides.

    Em alguns países, a Igreja oferece até a metade de todos os serviços para a Aids/HIV.

    A delegação da União Européia viajou para Zâmbia para conhecer alguns projetos sobre a saúde reprodutiva, especialmente na província do sul.

    Os projetos de saúde reprodutiva elogiados pela União Européia são baseados no método ABC, já explicado aqui em outra ocasião.

    segunda-feira, 8 de junho de 2009

    Dificuldades do debate pela vida (2)

    O embrião, afinal, é ou não é um ser vivo diferenciado de sua mãe? Este debate, que atravessa toda a discussão sobre o aborto, precisa ser travado em termos técnicos. Para dar uma idéia da sua dificuldade, vejamos o que diz a Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da Santa Sé responsável sobre questões doutrinais, sobre o tema, em sua última instrução - Dignitas Personae:

    "Se a Instrução Donum vitae, para não se comprometer expressamente com uma afirmação de índole filosófica, não definiu que o embrião é pessoa, revelou todavia que existe um nexo intrínseco entre a dimensão ontológica e o valor específico de cada ser humano. Embora a presença de uma alma espiritual não possa ser detectada pela observação de qualquer dado experimental, são as próprias conclusões da ciência sobre o embrião humano a oferecer uma 'indicação valiosa para discernir racionalmente uma presença pessoal desde esse primeiro aparecer de uma vida humana: como um indivíduo humano não seria pessoa humana?'. A realidade do ser humano, com efeito, ao longo de toda a sua vida, antes e depois do nascimento, não permite afirmar nem uma mudança de natureza nem uma gradualidade de valor moral, porque possui uma plena qualificação antropológica e ética. O embrião humano, por isso, possui desde o início a dignidade própria da pessoa."

    Ou seja, a autoridade máxima do Magistério da Igreja em termos de doutrina moral não afirma categoricamente que o embrião é um ser vivo. Pelo contrário, todo o debate moral construído sobre o tema parte do princípio que o embrião, desde o zigoto, é um serviço "em potencial". Baseia esta afirmação em pesquisas científicas desenvolvidas pela Academia Pontifícia para a Vida. Por isso, a Igreja Católica entende como princípio moral sua defesa.

    E aí chegamos à dificuldade do debate pela vida que se apresenta neste post: a sua aparência de ser um debate entre fé e ciência. Não é. O debate é travado entre cientistas, e nos marcos da ética científica. Do lado pró-vida, estão cientistas de diversas denominações, que entendem ser importante defender a integridade do embrião desde o zigoto. Do outro lado estão aqueles que pensam diferente: há desde os defensores da diferenciação a partir do 3º mês até os que negam a diferenção antes do nascimento.

    A Academia Pontifícia para a Vida reúne 70 cientistas. Em seu último Congresso, reuniu mais de 400 cientistas. Sim, a maioria é católico. Sim, a Declaração Final deste Congresso termina com uma citação do Papa. Contudo, eles não são menos cientistas que os outros. Estes assumem sua orientação ética baseada no cristianismo. Os outros não assumem, mas seu discurso se baseia orientações ideológicas dos mais variados vieses: utilitarista, pós-moderna, marxista, liberal. Não há cientista que atue sem orientação ideológica.

    Contudo, ao colocar o debate em termos pelos quais o cientista cristão ou fiel de qualquer outra religião tem a obrigação de esconder suas opções éticas, por serem "superticiosas", enquanto os outros podem manifestá-las, significa transformar os religiosos em cidadãos de segunda categoria.

    Neste difícil embate, qual o dever daqueles que defendem a vida? Conduzir o debate para o campo técnico, sempre. Apresentar suas posições com fundamentos científicos. Colocar médicos como porta-vozes.

    sexta-feira, 5 de junho de 2009

    Performance: uma orientação para jovens no Ensino Médio

    Caros,

    O Centro Cultural Pinheiros está promovendo o Programa Performance, com o objetivo de ajudar rapazes que estejam cursando o ensino médio na definição da profissão e dos projetos para a vida adulta. O programa não é uma espécie de cursinho pré-vestibular nem uma mera orientação vocacional, mas pretende ajudar a desenvolver nos jovens a maturidade e a definição de um projeto de vida.

    Mais informações, no site.

    quinta-feira, 4 de junho de 2009

    Médicos e Enfermeiros: Diferenças de abordagem

    Os Códigos de Ética dos médicos e dos enfermeiros adotam abordagens diferentes em relação ao tema do aborto.

    O artigo 43 do Código de Ética Médica tem uma redação sabonete: "É vedado ao médico descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento". Ou seja, o limite ético do médico é apenas o que determina a lei, e o aborto está no mesmo patamar ético do transplante de órgãos.

    Já o artigo 28 do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem é direto: "É proibido provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação. Parágrafo único: Nos casos previstos em lei, o profissional deverá decidir, de acordo com a sua consciência, sobre a sua participação ou não no ato abortivo". Ou seja, o enfermeiro tem o dever de se recusar a fazer um aborto se sua consciência for contrária à prática.

    quarta-feira, 3 de junho de 2009

    Dificuldades do debate pela vida (1)

    Este post é o primeiro de uma série que pretende debater a forma como o movimento em defesa da vida faz o debate sobre temas importantes como aborto, combate a AIDS e planejamento familiar. O objetivo é apontar as dificuldades do lado de cá (pela vida) no debate com o lado de lá.

    Dito isto, vamos ao primeiro ponto. Vejamos como duas instituições de lobby, uma pró-vida e outra contrária, se apresentam ao distinto público em seus sites da internet:

    A Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família - PROVIDAFAMÍLIA é uma organização legalmente constituída em assembléia geral de 19 de março de 1993. Tem seu estatuto registrado no Cartório do 1° Ofício de Registro Civil de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas sob o n° 2.671, no Livro A-4, Protocolado sob o n° 13.904, em 5 de julho de 1993, em Brasília, DF.

    Finalidades:
    1. defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural, sem exceções;
    2. defesa dos valores morais e éticos da família,.

    A BEMFAM, BEM-ESTAR FAMILIAR NO BRASIL, é uma organização não-governamental brasileira, de ação social, sem fins lucrativos, fundada em 1965.  Focada nas necessidades da população, realiza ações voltadas para o desenvolvimento social local.  Sua base está na defesa dos direitos humanos, na promoção da educação e da assintência em saúde sexual e reprodutiva (SSR).  A BEMFAM desenvolve parcerias, com os setores público e privado, que visam contribuir para implementação de políticas sociais, em especial aquelas voltadas a saúde da mulher.

    Pois é. Enquanto uma associação pró-vida se apresenta como uma instituição de campanha, a outra se coloca como uma parceira da sociedade na execução de políticas de planejamento familiar. Na hora "h", quem está ao lado da mãe?

    O movimento em defesa da vida tem o que apresentar em termos de políticas sociais? Claro. Portanto, deveria fazê-lo. Qual o problema de se firmar parcerias com prefeituras, por exemplo, para implantação do programa ABC no combate a AIDS? Nenhum.

    Para quem não conhece, o programa ABC é o responsável pela queda na incidência de AIDS em Uganda, país da África que apresenta os melhores resultados neste aspecto. Se baseia em três pilares, representados pelas iniciais:
    • A de Abstinence (Abstinência), ou seja, orientação aos jovens solteiros para evitar comportamentos promíscuos
    • B de Be Faithful (seja fiel), ou seja, orientação a casais para evitarem a infidelidade e frequência a prostíbulos
    • C de Condons (camisinhas), ou seja, distribuição de preservativos para grupos de risco
    Implante-se um programa como este em uma cidade como Pouso Alegre ou Varginha, cidades onde o prefeito é do mesmo partido do deputado Odair Cunha, um dos autores do Estatuto do Nascituro. No começo com certeza haverá críticas. Contudo, os resultados mostrarão que a opção foi correta, e o modelo poderá ser implantado em outros locais.

    A adoção de políticas sociais alinhadas às propostas do movimento em defesa da vida ajudará muito mais a ganhar a opinião pública que a mera disputa política no Congresso Nacional.

    Obs.: este blogueiro não consultou nenhuma das instituições citadas acima, apenas acessou o site delas. Por isso, está disponível para corrigir a informação, caso seja necessário.

    Um Convite

    Amanhã, às 19h30, será o lançamento da edição número 3 da revista Dicta & Contradicta, que reune um contingente de autores mais ou menos conservadores do Brasil. O grupo varia, tendo desde Olavo de Carvalho a Luís Pondé.

    O evento será na Livraria Cultura do shopping Villa Lobos, e contará com uma apresentação do economista Eduardo Gianetti da Fonseca, com o tema "Há pensamento sério no Brasil?"

    Para quem estiver em São Paulo, vale a pena participar. Abaixo o convite:


    Bispos americanos condenam morte de Tiller

    Da agência Zenit:

    Em nome da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, o cardeal Justin Rigali, arcebispo da Filadélfia, presidente do Comitê de Atividades Pró-vida dos bispos americanos, lamentou profundamente o assassinato a tiros do Dr. George Tiller, conhecido por sua prática de abortos.

    "Nossa conferência episcopal e todos seus membros denunciaram de forma constante e pública toda forma de violência em nossa sociedade, inclusive o aborto, assim como o recurso equivocado à violência por parte de alguém contrário ao aborto”, disse o cardeal Rigali.

    “Um assassinato como este vai contra tudo o que defendemos e daquilo que queremos que nossa cultura defenda, isto é, o respeito pela vida de cada ser humano desde sua concepção até sua morte natural. Oramos pelo Dr. Tiller e por sua família”, acrescentou o cardeal Rigali. 

    Neste sentido, diversas organizações católicas dos Estados Unidos se pronunciaram repudiando o assassinato e toda forma de negação da vida. 

    terça-feira, 2 de junho de 2009

    Sobre o assassinato de George Tiller

    O Marcelo Darwinista publicou em seu blog uma notícia debatida por nós na comunidade Pandorama, sobre o assassinato de George Tiller, um médico especializado na realização de abortos de fetos em estágio avançado de desenvolvimento.

    Tenho solicitado entrevistas por e-mail a alguns dos deputados da bancada em defesa da vida na Câmara, e tenho acompanhado por aqui alguns debates estimulados por estes deputados no Congresso. Pretendo fazer, aos poucos, uma avaliação pessoal sobre a luta em favor da vida, baseada principalmente no retorno que chegarem destes parlamentares.

    Graças a Deus o Brasil não tem o tipo de fanático capaz de realizar um assassinato para defender a vida. Não importa qual o ângulo que se analise este tipo de reação: realizar um assassinato em defesa de uma bandeira, por melhor que seja esta, é imoral. É uma atitude semelhante à do próprio George Tiller, por mais que ele se baseasse em pareceres médicos ou coisa que o valha.

    Sobre a realização de abortos em fetos com mais de 22 semanas de gestação, me parece um conta-senso. Quando a medicina neonatal consegue salvar crianças com até 20 semanas de gestação, um médico matar crianças acima desta idade é uma estupidez. Ainda mais quando há famílias sem condições de ter filhos, e que adorariam adotar um.

    Atualização às 11h30 - A obstetrícia não considera aborto um concepto que pese 500 gramas ou mais, ou com menos de20 semanas de gestação. De acordo com parecer do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, se o concepto pesa mais de 500 gramas, é dever do médico fornecer atendimento para salvar a sua vida.

    A quem o acha arrogante...

    “Ainda hoje me custa compreender como o Senhor pôde pensar em mim, destinar-me a este ministério. Mas o aceito de suas mãos, ainda que é algo surpreendente e me parece que vai muito além de minhas forças. Mas o Senhor me ajuda”. O Papa Bento XVI, falando sobre sua eleição às crianças da Infância Missionária.

    segunda-feira, 1 de junho de 2009

    286 visitas

    Para um blog pouco divulgado e com atualização bissexta, conseguimos uma visibilidade interessante: 286 visitas no mês de maio, contabilizadas desde o dia 14. Foi neste dia que o Google AdSense começou a monitorar os acessos a este blog.

    Agradeço aos comentaristas daqui, vários deles amigos meus: Darwinista, Monsores, Nat, Chesterton, Pax, Confetti, Luiz, kyldare. A vocês meu sincero abraço.

    Você já ouviu falar da CPI do Aborto?

    Um requerimento do deputado Luiz Bassuma (PT-BA), o mesmo autor do projeto que cria o Estatuto do Nascituro, pede a instalação da CPI do Aborto, para investigar a realização de abortos clandestinos no Brasil. Apesar de terem sido coletadas 210 assinaturas, 39 a mais que o necessário, para sua abertura, as atividades desta CPI ainda não se iniciaram.

    Diferente da CPI da Petrobras, que divide basicamente governo e oposição, neste caso o buraco é mais embaixo. De um lado, estão parlamentares católicos e evangélicos, tradicionais opositores à legalização do aborto provocado. De outro, a bancada feminina, que reúne tanto deputadas favoráveis ao aborto quanto preocupadas com a mera criminalização das mulheres que abortam. Esta divisão atravessa todos os partidos, da base aliada e da oposição.

    Investigar a realização de abortos clandestinos e o comércio de abortivos deveria interessar a abortistas e não abortistas. Até hoje, todos os números apontados sobre a ocorrência de abortos clandestinos são estimativas, o que dificulta seriamente o debate. Isto porque, apesar de ser crime previsto no Código Penal, a polícia não investiga nem prende os médicos que mantém clínicas de aborto clandestinos.