quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Educação religiosa e formação cultural

Meus amigos, compartilho com todos um excelente artigo de Umberto Eco sobre educação religiosa, publicado no New York Times. Uma palhinha:

É impossível compreender aproximadamente três quartas partes da arte ocidental se não se conhecem fatos do Antigo e do Novo Testamento e as histórias dos santos. Quem é a jovem que olha fixamente um pratinho de prata? É da noite dos mortos vivos? E um cavaleiro que corta ao meio uma roupa, está fazendo uma campanha contra Armani?
Acontece que, em muitos contextos culturais, meninos e meninas aprendem no colégio tudo a respeito da morte de Heitor e nada sobre a de São Sebastião; tudo sobre o casamento de Cadmo e Harmonia, mas nada sobre o casamento em Caná. Em alguns países existe uma forte tradição pela leitura da Bíblia, e as crianças sabem tudo sobre o bezerro de ouro e nada sobre o lobo de São Francisco. Em outros lugares, estudam a Via Sacra e ficam às escuras sobre a mulier amicta solis do Apocalipse.
P.S.: A Folha Online deu um exemplo desta dificuldade. Em sua resenha sobre o livro A Arte de Editar Revistas, afirma: "são mostradas algumas capas históricas, como a da Esquire em que o boxeador Muhammad Ali aparece com o corpo crivado de flechas, em uma posição que remete a Jesus Cristo". Na verdade, quem aparece com o corpo crivado de flechas é São Sebastião. Compare as imagens:
São Sebastião
Muhammad Ali
P.S.2: A Folha Online corrigiu a informação. A errata está disponível para consulta.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Jesus nasceu em 25 de dezembro?

Afinal, Jesus nasceu ou não em um dia 25 de dezembro? Para dar conta da polêmica e dos dados mais recentes da pesquisa arqueológica, reproduzo artigo de Vittorio Messori, publicado no Corriere della Sera em 9 de julho de 2003:

Devo corrigir um erro que cometi. Aconteceu que num momento de mau humor, desejei – precisamente num meu artigo – que a Igreja se decidisse a fazer uma alteração no calendário: que transferisse para o dia 15 de Agosto aquilo que celebra no dia 25 de Dezembro. Um Natal no deserto estivo – argumentava eu – libertar-nos-ia das insuportáveis iluminações, dos enjoativos trenós com renas e Pais Natais, e até da obrigação de mandar cartões de Boas Festas e prendas. De facto, quando todos estão fora, quando as cidades estão vazias, a quem – e para onde – mandar cartões de Boas Festas e embrulhos enfeitados de fitas e laçarotes? Não são os próprios Bispos que trovejam contra aquela espécie de orgia consumista a que se reduziram as nossas Festas de Natal? Então, “fintemos” os comerciantes: passemos tudo para o dia 15 de Agosto. A coisa – observava eu – não parece ser impossível: de facto, não foi a necessidade histórica, mas sim a Igreja a escolher o dia 25 de Dezembro para contrastar e substituir as festas pagãs nos dias do solstício de Inverno: colocar o nascimento do Cristo em lugar do renascimento do Sol Invictus. No início houve, portanto, uma decisão pastoral, mas esta pode ser mudada, consoante as necessidades.
Era uma provocação, obviamente, mas que se baseava naquilo que é (ou, melhor, que era) pacificamente aceite por todos os estudiosos: a colocação litúrgica do Natal é uma escolha arbitrária, sem ligação com a data do nascimento de Jesus, a qual ninguém estaria em condições de poder determinar. Ora bem, parece que os especialistas se enganaram mesmo; e eu, obviamente, com eles. Na realidade, hoje - graças também aos documentos de Qumran* - estamos em condições de poder estabelecê-lo com precisão: Jesus nasceu mesmo num dia 25 de Dezembro. Uma descoberta extraordinária a sério e que não pode ser alvo de suspeitas de fins apologéticos cristãos, dado que a devemos a um docente judeu, da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Procuremos compreender o mecanismo, que é complexo, mas fascinante. Se Jesus nasceu a 25 de Dezembro, a sua concepção virginal ocorreu, obviamente 9 meses antes. E, com efeito, os calendários cristãos colocam no dia 25 de Março a Anunciação do Anjo S. Gabriel a Maria. Mas sabemos pelo próprio Evangelho de S. Lucas que, precisamente seis meses antes, tinha sido concebido por Isabel, João, o precursor, que será chamado o Baptista. A Igreja Católica não tem uma festa litúrgica para esta concepção, mas a Igreja do Oriente celebra-a solenemente entre os dias 23 e 25 de Setembro; ou seja, seis meses antes da Anunciação a Maria. Uma lógica sucessão de datas, mas baseada em tradições não verificáveis, não em acontecimentos localizáveis no tempo. Assim acreditávamos todos nós, até há pouquíssimo tempo. Mas, na realidade, parece mesmo que não é assim.
De facto, é precisamente da concepção do Baptista que devemos partir. O Evangelho de S. Lucas abre-se com a história do velho casal, Zacarias e Isabel, já resignado à esterilidade – considerada uma das piores desgraças em Israel. Zacarias pertencia à casta sacerdotal e, um dia, em que estava de serviço no Templo de Jerusalém, teve a visão de Gabriel (o mesmo anjo que aparecerá seis meses mais tarde a Maria, em Nazaré), o qual lhe anunciou que, não obstante a idade avançada, ele e a mulher iriam ter um filho. Deviam dar-lhe o nome de João e ele seria grande «diante do Senhor».
Lucas teve o cuidado de precisar que Zacarias pertencia à classe sacerdotal de Abias e que quando teve a aparição «desempenhava as funções sacerdotais no turno da sua classe». Com efeito, no antigo Israel, os que pertenciam à casta sacerdotal estavam divididos em 24 classes, as quais, alternando-se segundo uma ordem fixa e imutável, deviam prestar o serviço litúrgico no Templo, por uma semana, duas vezes por ano. Já se sabia que a classe de Zacarias - a classe de Abias - era a oitava no elenco oficial. Mas quando é que ocorriam os seus turnos de serviço? Ninguém o sabia. Ora bem, o enigma foi desvendado pelo professor Shemarjahu Talmon, docente na Universidade Hebraica de Jerusalém, utilizando investigações desenvolvidas também por outros especialistas e trabalhando, sobretudo, com textos encontrados na Biblioteca essena de Qumran. O estudioso conseguiu precisar em que ordem cronológica se sucediam as 24 classes sacerdotais. A de Abias prestava serviço litúrgico no Templo duas vezes por ano, tal como as outras, e uma das vezes era na última semana de Setembro. Portanto, era verosímil a tradição dos cristãos orientais que coloca entre os dias 23 e 25 de Setembro o anúncio a Zacarias. Mas esta verosimilhança aproximou-se da certeza porque os estudiosos, estimulados pela descoberta do Professor Talmon, reconstruíram a “fileira” daquela tradição, chegando à conclusão que esta provinha directamente da Igreja primitiva, judaico-cristã, de Jerusalém. Esta memória das Igrejas do Oriente é tão firme quanto antiga, tal como se confirma em muitos outros casos.
Eis, portanto, como aquilo que parecia mítico assume, improvisamente, uma nova verosimilhança - Uma cadeia de acontecimentos que se estende ao longo de 15 meses: em Setembro o anúncio a Zacarias e no dia seguinte a concepção de João; seis meses depois, em Março, o anúncio a Maria; três meses depois, em Junho, o nascimento de João; seis meses depois, o nascimento de Jesus. Com este último acontecimento, chegamos precisamente ao dia 25 de Dezembro; dia que não foi, portanto, fixado ao acaso.
Sim, parece que festejar o Natal no dia 15 de Agosto é coisa não se pode mesmo propor. Corrijo, portanto, o meu erro, mas, mais que humilhado, sinto-me emocionado: depois de tantos séculos de investigação encarniçada, os Evangelhos não deixam realmente de nos reservar surpresas. Parecem detalhes aparentemente inúteis (o que é que importava se Zacarias pertencia à classe sacerdotal de Abias ou não? Nenhum exegeta prestava atenção a isto) mas que mostram, de improviso, a sua razão de ser, o seu carácter de sinais duma verdade escondida mas precisa. Não obstante tudo, a aventura cristã continua.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

De volta

Pois é, depois de ficar quase um semestre afastado, estou de volta a este blog. Gostaria de agradecer a todos que continuaram frequentando este cafofo abandonado. No último mês, 39 pessoas frequentaram este blog.
Preparem-se todos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Uma longa pausa

A partir desta semana, inicio uma forte maratona de processos de seleção para o mestrado. Será um período intenso de ajustes no projeto de pesquisa, estudo para as provas e revisão bibliográfica. Tudo isto conciliado com um ritmo intenso de trabalho e atenção sumamente necessária à minha família.

Porque estou dizendo isso? Porque o este blog vai ficar de fora de minha vida nos próximos meses. O tempo é uma grandeza finita e limitada, e não cabe tudo nele. Por isso terei que deixá-los.

Permaneco no Twitter enquanto isso. É só procurar por @paulorobsilva, que estarei lá.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Senatus

Reproduzo aqui a discussão que abri no Pandorama:
Um dado interessante: Senatus, em latim, significa conselho dos anciãos. Toda sociedade antiga tinha uma instituição parecida: uma reunião dos senhores de família da cidade, que ocupava função de governo ou de conselheira do príncipe.
No Brasil, esta palavra está recuperando seu sentido antigo, de uma nova forma. De fato, o nosso Senado parece uma reunião de gente esclerosada. Um asilo ou um bingo de igreja. Talvez um bingo dentro de um asilo.
Mas, pensando melhor, acabo de escrever uma bobagem. Diferentemente dos nossos senadores, os idosos que frequentam bingos ou moram em asilos merecem todo o nosso respeito. Principalmente os doentes, que sofrem de Alzheimer. Para ser fiel ao latim, a Câmara Alta brasileira deveria mudar de nome para Rapinatus, ou bando de ladrões.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Deus e o estado laico

"Sob a Proteção de Deus" - por Dr. Ives Gandra Martins Silva
Fonte: Jornal do Brasil – 02/01/2007
Fui procurado por alguns cidadãos, que pretendem iniciar um movimento para retirar, das repartições e de todas as dependências dos 3 Poderes, quaisquer símbolos religiosos, sob a alegação de que o Estado brasileiro é laico.
Pediram o meu apoio -possivelmente como uma provocação - atribuindo-me força, como formador de opinião, capaz de tornar vitorioso o movimento.
Com o respeito que sempre tenho para com as pessoas que defendem teses opostas à minha, disse-lhes que se haviam equivocado, ao buscar a minha adesão, por duas razões fundamentais. Em primeiro lugar, porque sou apenas um cidadão comum, que exerce seu direito de expressão. Não me considero formador de opinião e até me espanto que os jornais ainda dêem guarida a meus contínuos protestos em defesa da cidadania.
Em segundo lugar, sou um respeitador da Constituição –embora muitas vezes a critique- e, sem a retirada da expressão “sob a proteção de Deus”, que consta do preâmbulo do texto supremo, o movimento que pretendem iniciar parece inconstitucional.
A troca de e-mails, em que expus meu ponto de vista, acabou com esta resposta, não sabendo se o movimento continua ou não.
O certo, todavia, é que se faz necessário, de uma vez por todas, deixar claro uma coisa: “Estado laico” não significa que aquele que não acredita em Deus tenha direito de impor sua maneira de ser, de opinar e de defender a democracia. Não significa, também, que a democracia só possa ser constituída por cidadãos agnósticos ou ateus. Não podem, ateus e agnósticos, defender a tese de que a verdade está com eles e, sempre que qualquer cidadão, que acredita em Deus, se manifeste sobre temas essenciais – como, por exemplo, direito à vida, eutanásia, família etc.- sustentar que sua opinião não deve ser levada em conta, porque é inspirada por motivos religiosos. A recíproca, no mínimo, deveria ser também considerada, por tal lógica conveniente e conivente, e desqualificada a opinião de agentes ateus e agnósticos, precisamente porque seus argumentos são inspirados em sentimentos “anti-Deus”.
Numa democracia, todos têm o direito de opinar, os que acreditam em Deus e os que não acreditam.
Mas, na democracia brasileira, foram os representantes do povo, reunidos numa Assembléia Constituinte considerada originária, que definiram que todo o ordenamento jurídico nacional, toda a Constituição, todas as leis brasileiras devem ser veiculadas “sob a proteção de Deus”, não podendo, pois, violar princípios éticos da pessoa humana e da família.
Parece-me que os ateus e agnósticos - que se auto-outorgaram o direito de ser os únicos a opinar na democracia brasileira - teriam que começar por mudar o preâmbulo da Lei Maior. Para serem mais fiéis a seus princípios, o preâmbulo poderia dizer:
“Nós, representantes do povo brasileiro, ….. promulgamos, sem a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL”.

Comentário: últimamente os ateus e agnósticos andam muito ofendidos por qualquer coisa. Daqui a pouco irão colocar os crentes (inclusive os budistas, que têm uma espiritualidade não qual não existe necessariamente um Deus) na fogueira.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Chesterton poderá ser beato

Da agência Zenit:

Gilbert Keith Chesterton, o escritor inglês inventor da figura do célebre padre-investigador Pe. Brown, e e autor de numerosos textos de narrativa e ensaios apologéticos, poderá ser beato.

Para entender um pouco da verve da Chesterton, vale ler este pequeno texto (versão completa aqui):

Eu gosto demais de teatro para me tornar um crítico teatral; e acho que nessa questão, estou junto das pessoas que nunca abrem a boca. Se alguém quer saber o que é a democracia política, a resposta é simples; é uma tentativa desesperada e quase impraticável de chegar às opiniões das melhores pessoas – isto é, das pessoas que não confiam em si mesmas. Um homem pode subir a qualquer posto em uma oligarquia. Mas a oligarquia é simplesmente a premiação da impudência. Uma oligarquia diz que o vitorioso pode ser qualquer tipo de homem, contanto que não seja um homem humilde.
Um homem em um estado oligárquico (como o nosso) pode ficar famoso por ter dinheiro, ou por ter um bom olho para cores, ou por ter sucesso social, financeiro ou militar. Mas não pode ficar famoso por ser humilde, como os grandes santos.
Consequentemente, todos os homens simples e hesitantes são mantidos completamente fora da corrida; e os cafajestes representam o homem comum, embora na verdade sejam uma minoria entre os homens comuns. Assim é, especialmente, com o teatro. É completamente falso dizer que o povo não gosta de Shakespeare. A parte do povo que não gosta de Shakespeare é simplesmente a parcela do povo que se despopularizou. Se uma certa multidão de cockneys fica entediada com “Hamlet”, os cockneys não estão entediados por que são complexos e engenhosos demais para “Hamlet”. Eles sentem que aquela excitação das tavernas, do ringue de apostas, do jornal barato, do teatro de variedades local, é mais complexa e engenhosa do que “Hamlet”; e é mesmo.

Mais sobre Chesterton, veja na wikipedia.

Oscar Wilde

Da agência Zenit (um pouco atrasado):

Este escritor irlandês, autor de célebres obras como “O retrato de Dorian Gray” e de contos como “O rouxinol e a rosa” e “O gigante egoísta”, foi ao mesmo tempo um buscador inesgotável do Belo, do Bom, mas também daquele Deus a quem nunca se opôs e a quem abraçou plenamente após a dramática experiência da prisão.
O genial dramaturgo, ícone do mundo gay, morreu em Paris em comunhão com a Igreja Católica, assim como havia escrito vários anos antes de sua partida: “O catolicismo é a religião na qual morrerei”.
Paolo Gulisano, escritor e ensaísta, especialista no mundo britânico e autor de diversos livros sobre Tolkien, Lewis, Chesterton e Belloc, publicou recentemente em italiano Il Ritratto di Oscar Wilde (“O retrato de Oscar Wilde”) pela editora Ancora.

Dois comentários:
  • É o segundo caso este ano de ícone anticatólico sobre quem é revelada uma face católica desconhecida. O primeiro foi Voltaire.
  • Acho interessante que a comunidade gay se apegue a modelos católicos, entre eles Oscar Wilde. Um desafio para os tempos modernos é, sem se afastar da moral católica, encontrar formas de os católicos manifestarem respeito ao sofrimento desta comunidade marcada pela discriminação.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Futebol e religião

Da agência Zenit:

Tudo começou por uma denúncia do presidente da federação dinamarquesa de futebol, Jim Stjerne Hansen, que não gostou da alegria, repleta de fervor religioso, demonstrada pelos jogadores brasileiros na final da Copa das Confederações 2009, na África do Sul.
Após sua vitória sobre os norte-americanos, os jogadores de futebol da seleção brasileira se abraçaram e recitaram uma oração de agradecimento a Deus pela partida que acabava de finalizar.
“A expressão de fervor religioso dos brasileiros durou tempo demais”, declarou então, e cria uma “confusão entre a religião e o esporte”.
“É inaceitável”, indicou, em um escrito dirigido à Federação Internacional de Futebol, a FIFA.
Blatter, presidente da FIFA desde 1998, advertiu os jogadores brasileiros por seu gesto e se comprometeu também a vetar toda manifestação religiosa na próxima Copa do Mundo, que acontecerá na África do Sul em 2010.

A Seleção da Dinamarca está em 15º no ranking da Fifa. O Brasil é o primeiro. Ou seja, tudo não passa de dor de cotovelo. Na boa, os dinamarqueses precisam de mais futebol, e menos preconceito antirreligioso.
Se nós jogamos com 22 jogadores em campo (11 atletas e 11 anjos da guarda), isso é problema nosso.
P.S.: Esta não é pura e simplesmente uma defesa do Pai Nosso. É uma defesa de qualquer manifestação religiosa que não atrapalhe o jogo. Os jogadores do Egito comemoravam gols de joelhos, à moda muçulmana. Os jogadores africanos fazem danças tribais. E daí?
Às vezes parece que para alguns bom comportamento de jogador é colher banana na Barra da Tijuca.
P.S.2: Juca Kfouri volta ao assunto em sua coluna de hoje (30/07) na Folha de S. Paulo. Juca está sendo preconceituoso. Reafirmo tudo o que escrevi acima.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A nova encíclica de Bento XVI

Saiu a nova encíclica de Bento XVI, Caritas in Veritatis. A versão em português está disponível online. Algumas considerações de quem ainda não leu tudo, apenas deu uma geral no texto:
  • A Igreja não está se posicionando ideologicamente à esquerda nem à direita com esta encíclica. Ela aponta as referências morais da questão social. Seus temas, portanto, podem ser operacionalizados à esquerda ou à direita. No Brasil, algumas questões apontadas pela encíclica, como o consumo consciente, tem na vanguarda lideranças empresariais
  • A encíclica também não sinaliza um movimento à esquerda de Bento XVI, um repensar da condenação da Teologia da Libertação. Só quem não conhece o teólogo Ratzinger poderia pensar algo parecido. Ela é mais uma iniciativa do papa no sentido de criar pontes entre a ortodoxia e o mundo moderno. Recomendo, para quem quiser compreender este projeto pessoal de Ratzinger, os livros Dogma e Anúncio e Introdução ao Cristianismo
Abaixo, pílulas da encíclica, selecionadas pela agência Zenit:

Caridade sem verdade: "Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade." (n. 3)
Caridade sem Deus: "Um cristianismo de caridade sem verdade pode ser facilmente confundido com uma reserva de bons sentimentos, úteis para a convivência social mas marginais. Deste modo, deixaria de haver verdadeira e propriamente lugar para Deus no mundo." (n. 4)
A Igreja não faz política: "A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende ‘de modo algum imiscuir-se na política dos Estados’; mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação." (...) "Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável". (n. 9)
O progresso, uma vocação: "O progresso é, na sua origem e na sua essência, uma vocação: ‘Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação’. É precisamente este fato que legitima a intervenção da Igreja nas problemáticas do desenvolvimento." (n. 16)
A lição da crise: "A crise obriga-nos a projetar de novo o nosso caminho, a impor-nos regras novas e encontrar novas formas de empenhamento, a apostar em experiências positivas e rejeitar as negativas. Assim, a crise torna-se ocasião de discernimento e elaboração de nova planificação." (n. 21)
Propriedade intelectual: "Existem formas excessivas de proteção do conhecimento por parte dos países ricos, através duma utilização demasiado rígida do direito de propriedade intelectual, especialmente no campo sanitário." (n. 22)
Progresso integral: Não é suficiente progredir do ponto de vista econômico e tecnológico; é preciso que o desenvolvimento seja, antes de mais nada, verdadeiro e integral. A saída do atraso econômico — um dado em si mesmo positivo — não resolve a complexa problemática da promoção do homem." (n. 23)
Precariedade no trabalho: "Quando se torna endêmica a incerteza sobre as condições de trabalho, resultante dos processos de mobilidade e desregulamentação, geram-se formas de instabilidade psicológica, com dificuldade a construir percursos coerentes na própria vida, incluindo o percurso rumo ao matrimônio. Consequência disto é o aparecimento de situações de degradação humana, além de desperdício de força social." (n. 25)
O homem, primeiro capital: "Queria recordar a todos, sobretudo aos governantes que estão empenhados a dar um perfil renovado aos sistemas econômicos e sociais do mundo, que o primeiro capital a preservar e valorizar é o homem, a pessoa, na sua integridade." (n. 25)
Luta contra a fome: "Eliminar a fome no mundo tornou-se, na era da globalização, também um objetivo a alcançar para preservar a paz e a subsistência da terra. A fome não depende tanto de uma escassez material, como sobretudo da escassez de recursos sociais, o mais importante dos quais é de natureza institucional." (n. 27)
Vida e desenvolvimento: "A abertura à vida está no centro do verdadeiro desenvolvimento. Quando uma sociedade começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem." (n. 28)
Desigualdades: "A dignidade da pessoa e as exigências da justiça requerem, sobretudo hoje, que as opções econômicas não façam aumentar, de forma excessiva e moralmente inaceitável, as diferenças de riqueza e que se continue a perseguir como prioritário o objetivo do acesso ao trabalho para todos." (n. 32)

O mercado: "Sem formas internas de solidariedade e de confiança recíproca, o mercado não pode cumprir plenamente a própria função econômica. E, hoje, foi precisamente esta confiança que veio a faltar; e a perda da confiança é uma perda grave." (n. 35)
"A sociedade não tem que se proteger do mercado, como se o desenvolvimento deste implicasse ipso facto a morte das relações autenticamente humanas. É verdade que o mercado pode ser orientado de modo negativo, não porque isso esteja na sua natureza, mas porque uma certa ideologia pode dirigi-lo em tal sentido." (n. 36)
Os pobres, uma riqueza: "Os pobres não devem ser considerados um ‘fardo’, mas um recurso, mesmo do ponto de vista estritamente econômico." (n. 35)
Democracia econômica: "Na época da globalização, a atividade econômica não pode prescindir da gratuidade, que difunde e alimenta a solidariedade e a responsabilidade pela justiça e o bem comum em seus diversos sujeitos e atores. Trata-se, em última análise, de uma forma concreta e profunda de democracia econômica." (n. 38)
A empresa: "Um dos riscos maiores é, sem dúvida, que a empresa preste contas quase exclusivamente a quem nela investe, acabando assim por reduzir a sua valência social." (n. 40)
Especulação: "É preciso evitar que o motivo para o emprego dos recursos financeiros seja especulativo, cedendo à tentação de procurar apenas o lucro a breve prazo sem cuidar igualmente da sustentabilidade da empresa a longo prazo, do seu serviço concreto à economia real e duma adequada e oportuna promoção de iniciativas econômicas também nos países necessitados de desenvolvimento." (n. 40)
Papel do Estado: "A economia integrada de nossos dias não elimina a função dos Estados, antes obriga os governos a uma colaboração recíproca mais intensa. Razões de sabedoria e prudência sugerem que não se proclame depressa demais o fim do Estado." (n. 41)
Globalização: "A verdade da globalização enquanto processo e o seu critério ético fundamental provêm da unidade da família humana e do seu desenvolvimento no bem. Por isso é preciso empenhar-se sem cessar por favorecer uma orientação cultural personalista e comunitária, aberta à transcendência, do processo de integração mundial." (...) "A globalização a priori não é boa nem má. Será aquilo que as pessoas fizerem dela." (n. 42)
Crescimento demográfico: "Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista econômico." (n. 44)
Família: "Torna-se uma necessidade social, e mesmo econômica, continuar a propor às novas gerações a beleza da família e do matrimônio, a correspondência de tais instituições às exigências mais profundas do coração e da dignidade da pessoa." (n. 44)
Ética e economia: "A economia tem necessidade da ética para o seu correto funcionamento; não de uma ética qualquer, mas de uma ética amiga da pessoa." (n. 45)
Cooperação internacional: "A cooperação internacional precisa de pessoas que partilhem o processo de desenvolvimento econômico e humano, através da solidariedade feita de presença, acompanhamento, formação e respeito. Sob este ponto de vista, os próprios organismos internacionais deveriam interrogar-se sob a real eficácia dos seus aparatos burocráticos e administrativos, frequentemente muito dispendiosos." (n. 47)
Meio Ambiente: "A natureza está à nossa disposição, não como ‘um monte de lixo espalhado ao acaso’, mas como um dom do Criador que traçou os seus ordenamentos intrín secos dos quais o homem há de tirar as devidas orientações para a ‘guardar e cultivar’." (n. 48)
Problemas energéticos: "O açambarcamento dos recursos energéticos não renováveis por parte de alguns Estados, grupos de poder e empresas constitui um grave impedimento para o desenvolvimento dos países pobres." (n. 49)
Energias alternativas: "Atualmente, é possível melhorar a eficiência energética e fazer avançar a pesquisa de energias alternativas; mas é necessária também uma redistribuição mundial dos recursos energéticos, de modo que os próprios países desprovidos possam ter acesso aos mesmos. O seu destino não pode ser deixado nas mãos do primeiro a chegar nem estar sujeito à lógica do ma is forte." (n. 49)
Solidariedade e educação: "Uma solidariedade mais ampla a nível internacional exprime-se, antes de mais nada, continuando a promover, mesmo em condições de crise econômica, maior acesso à educação, já que esta é condição essencial para a eficácia da própria cooperação internacional." (n. 61)
O relativismo empobrece: "Para educar, é preciso saber quem é a pessoa humana, conhecer a sua natureza. A progressiva difusão de uma visão relativista desta coloca sérios problemas à educação, sobretudo à educação moral, prejudicando a sua extensão a nível universal. Cedendo a tal relativismo, ficam todos mais pobres." (n. 61)
Imigrantes: "É certo que os trabalhadores estrangeiros, não obstante as dificuldades relacionadas com a sua integração, prestam com o seu trabalho uma contribuição significativa para o desenvolvimento econômico do país de acolhimento. (...) Todo o imigrante é uma pessoa humana e, enquanto tal, possui direitos fundamentais inalienáveis que hão de ser respeitados por todos em qualquer situação." (n. 62)
Finanças: "O inteiro sistema financeiro deve ser orientado para dar apoio a um verdadeiro desenvolvimento. Sobretudo, é necessário que não se contrap onha o intuito de fazer o bem ao da efetiva capacidade de produzir bens. Os operadores das finanças devem redescobrir o fundamento ético próprio da sua atividade, para não abusarem de instrumentos sofisticados que possam atraiçoar os aforradores." (n. 65)
Microcrédito: "Também a experiência do micro-financiamento, que mergulha as próprias raízes na reflexão e nas obras dos humanistas civis (penso nomeadamente no nascimento dos montepios), há de ser revigorada e sistematizada, sobretudo nestes tempos em que os problemas financeiros podem tornar-se dramáticos para muitos sectores mais vulneráveis da população, que devem ser tutelados dos riscos de usura ou do desespero." (n. 65)
Consumidores e associações: "Um papel mais incisivo dos consumidores, desde que não sejam eles próprios manipulados por associações não verdadeiramente representativas, é desejável como fator de democracia econômica." (n. 66)
ONU: "Sente-se imenso a urgência de uma reforma quer da Organização das Nações Unidas quer da arquitetura econômica e financeira internacional, para que seja possível uma real concretização do conceito de família de nações." (n. 67)
Autoridade política mundial: "Para o governo da economia mundial, para sanar as economias atingidas pela crise de modo a prevenir o agravamento da mesma e em consequência maiores desequilíbrios, para realizar um oportuno e integral desarmamento, a segurança alimentar e a paz , para garantir a salvaguarda do ambiente e para regulamentar os fluxos migratórios urge a presença de uma verdadeira Autoridade política mundial." (n. 67)
Os perigos da tecnologia: "A técnica apresenta-se com uma fisionomia ambígua. Nascida da criatividade humana como instrumento da liberdade da pessoa, pode ser entendida como elemento de liberdade absoluta; aquela liberdade que quer prescindir dos limites que as coisas trazem consigo. O processo de globalização poderia substituir as ideologias com a técnica." (n. 70)
Meios de comunicação: "Dada a importância fundamental que têm na determinação de alterações no modo de ler e conhecer a realidade e a própria pessoa humana, torna-se necessária uma atenta reflexão sobr e a sua influência principalmente na dimensão ético-cultural da globalização e do desenvolvimento solidário dos povos." (n. 73)
Bioética: "Hoje, um campo primário e crucial da luta cultural entre o absolutismo da técnica e a responsabilidade moral do homem é o da bioética, onde se joga radicalmente a própria possibilidade de um desenvolvimento humano integral. Trata-se de um âmbito delicadíssimo e decisivo, onde irrompe, com dramática intensidade, a questão fundamental de saber se o homem se produziu por si mesmo ou depende de Deus." (n. 74)
Novas formas de escravidão: "As novas formas de escravidão da droga e o desespero em que caiem tantas pessoas têm uma explicação não só sociológica e psicológica, mas essencialmente espiritual. O vazio em que a alma se sente abandonada, embora no meio de tantas terapias para o corpo e para o psíquico, gera sofrimento. Não há desenvolvimento pleno nem bem comum universal sem o bem espiritual e moral das pessoas, consideradas na sua totalidade de alma e corpo." (n. 76)
O desafio cristão: "O desenvolvimento tem necessidade de cristãos com os braços levantados para Deus em atitude de oração, cristãos movidos pela consciência de que o amor cheio de verdade – caritas in veritate –, do qual procede o desenvolvimento autêntico, não o produzimos nós, mas é-nos dado." (n. 79)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Por uma solução pacífica em Honduras

Com as tropas do exército ocupando o aeroporto para impedir a volta do presidente deposto, o novo governo de Honduras apenas mostra a sua face autoritária, mesmo depois de insistir que agiram dentro da lei. OEA, Igreja Católica, ONU, Brasil, vários se ofereceram para negociar uma solução pacífica, mas os golpistas não querem abrir mão do poder.

Minha aposta: Honduras não terá uma solução se não houver sanções econômicas e diplomáticas contra o país. Cerca de 40% do comércio exterior de Honduras é realizado com os Estados Unidos. O governo Obama tem dado sinais de que não aceitará o golpe, e tem imposto algumas sanções. Se o resto do continente fizer o mesmo, o governo golpista será origado a ceder.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Novidades sobre Galileu Galilei

Da agência Zenit:

Uma nova edição sobre as investigações do processo realizado com Galileu Galilei (1611-1741) foi apresentada nesta manhã em um briefing oferecido na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O novo volume intitula-se I ducomenti vaticani del processo di Galileo Galilei (“Os documentos vaticanos do processo de Galileu Galilei”).
A edição esteve a cargo do prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, Dom Sergio Pagano.
O livro inclui uma ampla introdução de 208 páginas, uma das novidades com relaç&ati lde;o à edição anterior, publicada em 1984.
A publicação se dá no contexto da celebração do Ano da Astronomia, declarado pela Unesco para celebrar os 400 anos do descobrimento do telescópio.
(...)
"O caso de Galileu ensina a ciência a não se considerar professora da Igreja em matéria de fé e de Sagradas Escrituras”, declarou.
“E, ao mesmo tempo, ensina a Igreja a abordar os problemas científicos – também os relacionados com a mais moderna pesquisa sobre as células estaminais, por exemplo – com muita humildade e circunspecção”, acrescentou.
Dom Pagano recordou igualmente a situação na qual Galileu morreu.
“Morreu como católico e penitente – disse. Depois de ter escutado a sentença, Galileu disse: ‘Peço duas coisas: crer em minha reta fé e na fé de católico’.”
Quem quiser ver os arquivos do processo de Galileu, ele está online.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Sobre Honduras

Há um golpe militar em curso em Honduras. A novidade é que, pela primeira vez, todos os governos das Américas, dos EUA a Cuba, estão contra. Sobre isto, recomendo as seguintes leituras:
  • No blog da Miriam Leitão, a jornalista Débora Thomé apresenta o resultado de consultas a cientistas políticos especializados em América Central
  • No blog do Pedro Dória, uma análise de como os vídeos da repressão às manifestações estão vazando pelo Youtube
Vale dizer duas coisas:
  • Não acho que o presidente de Honduras seja santo, mas nada justifica o golpe
  • Se não é golpe, porque tiraram as TVs do ar, especialmente a CNN?

Quem vocês pensam que são?

O Google Analytics se mostrou uma ferramenta importante para eu descobrir quem são so leitores que andam dando as caras por aqui. A partir dele, foi possível compilar uma série de informações sobre vocês, leitores, que serão o subsídio para este post.

Permitam-me abrir um parentesis: falar sobre o blog é um excelente estratagema de quem está sem assunto para escrever. Funciona na maioria das vezes.

Neste mês de junho, sem contar o dia de hoje, tivemos 426 pageviews, bem mais que as 286 do mês passado. E tivemos 221 visitas neste período. Aliás, 56,11% das visitas foram de leitores novos do blog.

Algumas curiosidades:
  • 57,9% dos leitores pararam aqui por meio de outro site. Destes, a maioria (20,8%) vieram do blog Darwiniano, atualizado pelo meu amigo Marcelo "Darwinista"
  • O tema que mais rendeu pesquisas nos sites de busca foi o Estatuto do Nascituro. Aliás, 25% dos leitores de junho vieram por meio de sistemas de busca, principalmente do Google
  • O post mais lido foi o primeiro da série Dificuldades do Debate pela Vida, responsável por 9% das visitas ao blog neste mês
  • A maioria (201 visitas) das visitas são de brasileiros, principalmnente de São Paulo e Região Metropolitana. Contudo, tivemos aqui gente da Bélgica, França, Reino Unido, Portugal, Estados Unidos, Índia e Nova Zelândia. A cidade do exterior que mais fraquentou o blog foi Liege, na Bélgica
  • No Brasil o blog foi acessado de 29 cidades diferentes. As principais foram São Paulo (81 visitas), Rio de Janeiro (34), Fortaleza (17), Salvador (14), São José dos Campos (13) e Brasília (8)
  • Cada visita durou, em média, 2 minutos e 13 segundos.
Da minha parte, um obrigado a cada um de vocês. Apesar de os posts apresentarem um ponto de vista definido (o meu), tenho procurado tornar este espaço plural. Por isso todos os comentários tem sido liberados, principalmente aqueles que me contestam frontalmente. Aliás, quem mais ralha comigo por aqui são meus amigos de internet, o que só valoriza a amizade.

Em julho, esperamos avançar na construção deste cafofo. Obrigado a todos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Moratória da carne

Abrindo mais um tema para debates neste blog, a questão da rastreabilidade da carne. Abro com uma notícia dada pela jornalista Miriam Leitão em seu blog:

O frigorífico Marfrig se comprometeu a não comprar carne de gado criado em áreas desmatadas. Isso é que se chama moratória. É fácil cumprir o compromisso, basta usar imagens de satélite para verificar o desmatamento, e rastreabilidade para ver a origem do gado.

Quem ler este post, verá que uma das tags relacionadas é a defesa da vida. E é isso mesmo. Para defender a vida em todos os seus aspectos, é necessário defender o meio ambiente em que ela floresce.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Um Plano de Hitler para matar Pio XII

Da agência Zenit:

Hitler queria sequestrar ou matar Pio XII, segundo confirmam novos testemunhos históricos revelados nesta terça-feira.

Dados sobre este objetivo já haviam sido oferecidos no passado. Em 1972, havia falado dele o general da SS, Karl Wolf, ao referir detalhes sobre um encontro que teve com o Papa Eugenio Pacelli no dia 10 de maio de 1944. No entanto, é a primeira vez que se recolhem detalhes concretos sobre o plano de eliminação do pontífice.

Nesta terça-feira, o jornal italiano Avvenire publicou um testemunho histórico que confirma o plano organizado contra o Papa pelo Reichssicherheitsamt (quartel general para a segurança do Reich) de Berlim, depois de 25 de julho de 1943.

O jornal cita uma fonte direta e testemunhal, Niki Freytag von Loringhoven, de 72 anos, residente em Munique, filho de Wessel Freytag von Loringhoven, quem então era coronel do Alto Comando Alemão das Forças Armadas (Oberkommando der Wehrmacht, OKW), e depois participaria de um falido golpe contra Hitler.

Segundo Freytag von Loringhoven, nos dias 29 e 30 de julho de 1943, houve em Veneza um encontro secreto para informar ao chefe de contraespionagem italiano, o general Cesare Amè, da intenção do Führer de punir os italianos pela prisão Mussolini, com o sequestro ou o assassinato de Pio XII e do rei da Itália.

No encontro participaram o chefe de Ausland-Abwehr (contraespionagem), o almirante Wilhelm Canaris, e dois coronéis da seção II para a sabotagem, Erwin von Lahousen e precisamente Wessel Freytag von Loringhoven.

Segundo Avvenire, este testemunho concorda com a deposição de Erwin von Lahousen no processo de Nurembergue de 1º de fevereiro de 1946 (Warnreise Testimony 1330-1430), no qual inclusive revela a reação de Freytag von Loringhoven ao conhecer o plano de Hitler: “É uma autêntica covardia!”.

O chefe de contraespionagem italiano, Amè, segundo este testemunho histórico, ao voltar a Roma após conhecer as intenções de Hitler em Veneza, divulgou a notícia dos planos contra o Papa para bloqueá-los. Estas notícias chegaram ao embaixador da Alemanha na Santa Sé, Ernst von Weisäcker, quem as recolhe em seu livro Erinnerungen (“Lembranças”), de 1950.

#forasarney

Esta é a mais nova tag de sucesso do twitter. Internautas estão mobilizados para expressar sua indignação com a probidade que reina na Cãmara Alta do Congresso Nacional. Se quiser participar, é só clicar aqui e mandar brasa no #forasarney.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Santo Antônio, rogai por nós


Amanhã, 13 de junho, é dia de Santo Antônio, que está na estampa ao lado. Conhecido por ser santo casamenteiro, o frade Antônio é um dos doutores da Igreja, reconhecido por defender a fé em meio às crises que começavam a acometer a Igreja durante o século XIII.

Em sua homenagem, cito um pequeno texto do padre Vieira, Sermão de Santo Antônio aos Peixes:

Pregava Santo Antônio na Itália na cidade de Arimino , contra os hereges, que nela eram muitos; e como erros de entendimento são difíces de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas chegou o povo a se levantar contra ele e faltou pouco para que lhe não tirassem a vida. Que faria neste caso o ânimo generoso do grande Antônio? Sacudiria o pó dos sapatos, como Cristo aconselha em outro lugar? Mas Antônio com os pés descalços não podia fazer este protesto; e uns pés a que se não pegou nada da terra não tinham que sacudir. Que faria logo? Retirar-se-ia? Calar-se-ia? Dissimularia? Daria tempo ao tempo? Isso ensinaria porventura a prudência ou a covardia humana; mas o zelo da glória divina, que ardia naquele peito, não se rendeu a semelhantes partidos. Pois que fez? Mudou somente o púlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina. Deixa as praças, vai-se às praias; deixa a terra, vai-se ao mar, e começa a dizer a altas vozes: Já que me não querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes.
Ás vezes gostaria que este blog fosse à prova d'água.

Origens cristãs do nazismo?

Entrar em certos debates tem sido um desafio árduo. Um deles é a correlação direta entre nazismo e ateísmo. Tenho presenciado diretamente circunstâncias nas quais, quando esta correlação é levantada, alguém, geralmente ateu, afirma que o nazismo é cristão. Com base em quais argumentos? Estes.

Diante disso, tomei a iniciativa de tampar o nariz e entrar neste tema. Por que ele é importante? De acordo com a lei de Godwin, “à medida que uma discussão na internet cresce, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Hitler ou nazistas aproxima-se de 1”. Afinal, o nazismo é um dos poucos consensos modernos: ninguém com a cabeça no lugar gosta de ser relacionado a eles.

Para dizer se o nazismo é ou não é cristão, é necessário definir o que é ser cristão. Para isso, adoto a convenção adotada pelo Conic (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs): são consideradas cristãs as denominações que “confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador, segundo as Escrituras e, por isso, procuram cumprir sua vocação comum para a glória de Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em cujo nome administram o Santo Batismo”. Ou seja, uma doutrina cristã reconhece:
  • a divindade de Cristo
  • o valor divino da Bíblia (inclusive o Antigo Testamento)
  • a doutrina da Trindade, ou seja, do Deus Pai, Filho e Espírito Santo
  • a admissão à fé pelo batismo
Só por aí, o nazismo não poderia ser considerado cristão, por rejeitar toda herança judaica na cultura. Isto incluiria todo o Antigo Testamento. Contudo, os defensores da “cristandade do nazismo” alegam que suas raízes estão expressas no livro Mein Kampf, do Hitler. Com estes, pouco adianta dizer que o Mein Kampf é um livro de propaganda, e que Hitler não era conhecido por seu compromisso com a verdade. Se quisermos provar que o nazismo não tem nada a ver com o cristianismo, temos que ir ao texto.

Senão vejamos:

  • A palavra Jesus nunca aparece no texto. O personagem Jesus é citado uma única vez, como “fundador da nova doutrina”, em contraposição aos judeus. Cristo aparece uma vez, em um texto que pretende acusar os judeus de sua crucificação. Deus aparece 43 vezes: 20 vezes em interjeições como “Graças a Deus!”, e 23 vezes em uso aparentemente religioso, na maioria das vezes para afirmar a superioridade da raça ariana.
  • A palavra cristão aparece 21 vezes, 17 delas em referência ao Partido Democrata Cristão (partido da atual chanceler alemã, Angela Merkel). Todas as referências ao partido, que congregava católicos e protestantes alemães e contava com o apoio dos cleros, são negativas. Destaque-se que uma das primeiras medidas de Hitler no governo foi fechar o partido.
  • A doutrina apresentada como cristã da superioridade da raça ariana não tem embasamento nem na doutrina, nem na prática cristã. Cinco séculos antes, o papa Paulo III declarou que índios e brancos têm a mesma dignidade, condenando a escravidão indígena. Na prática, a fé era defendida por descendentes de índios no México (no movimento conhecido como Cristeiro), e pelos menos dois judeus eram pessoas de destaque na fé: Edith Stein, que se tornou carmelita, e os irmãos Theodoro e Afonso Rattisbone foram os fundadores da Congregação de Nossa Senhora de Sion
  • Acima de qualquer fé cristã, o Mein Kampf exala uma fé na superioridade da raça ariana. Isto explica referências como: “O protestantismo representa, por si, melhor, as aspirações do germanismo, desde que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradições da sua igreja; falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos interesses nacionais tenha de realizar-se num domínio em discordância com a sua tradicional maneira de conceber os problemas mundiais”.

  • Alinhe isso tudo a uma situação clara de confrontação entre cristãos e nazistas:
    • Em 1933, os nazistas perderam em todos os distritos de maioria católica
    • O bispo de Munster, D. Clemens Von Galen, foi um dos principais opositores ao regime nazista
    • Também o teólogo protestante Karl Barth liderou uma corrente contra o nazismo
    • Em 1937, o papa Pio XI condenou o nazismo em sua Encíclica Mit brennender sorge
    • Seis mil padres católicos morreram em campos de concentração
    Acredito que estes pontos determinam mais claramente quem estava de qual lado durante o nazismo. Agora, pergunto: a quem interessa relacionar nazismo com cristianismo?

    terça-feira, 9 de junho de 2009

    Projetos católicos de saúde reprodutiva são referência no Zâmbia

    Da Agência Zenit, comento depois:

    A União Européia (UE) convidou o governo de Zâmbia a colaborar com a Igreja Católica para o desenvolvimento do país, informa a agência missionária da Santa Sé, Fides.

    A UE lançou um chamado ao governo para colaborar com a Igreja na divulgação de informações sobre a saúde sexual e reprodutiva, setor no qual – segundo um chefe da delegação que visita o país africano – tem uma função muito importante a desempenhar.

    Após ver os projetos sobre saúde reprodutiva sustentados pela Igreja, pediu também que esta intervenha na educação da população em saúde reprodutiva e sexual.

    Este chamado foi lançado em um momento em que a Igreja na África é responsável pela distribuição da maior parte dos medicamentos e dos tratamentos anti-retrovirais, segundo Fides.

    Em alguns países, a Igreja oferece até a metade de todos os serviços para a Aids/HIV.

    A delegação da União Européia viajou para Zâmbia para conhecer alguns projetos sobre a saúde reprodutiva, especialmente na província do sul.

    Os projetos de saúde reprodutiva elogiados pela União Européia são baseados no método ABC, já explicado aqui em outra ocasião.

    segunda-feira, 8 de junho de 2009

    Dificuldades do debate pela vida (2)

    O embrião, afinal, é ou não é um ser vivo diferenciado de sua mãe? Este debate, que atravessa toda a discussão sobre o aborto, precisa ser travado em termos técnicos. Para dar uma idéia da sua dificuldade, vejamos o que diz a Congregação para a Doutrina da Fé, órgão da Santa Sé responsável sobre questões doutrinais, sobre o tema, em sua última instrução - Dignitas Personae:

    "Se a Instrução Donum vitae, para não se comprometer expressamente com uma afirmação de índole filosófica, não definiu que o embrião é pessoa, revelou todavia que existe um nexo intrínseco entre a dimensão ontológica e o valor específico de cada ser humano. Embora a presença de uma alma espiritual não possa ser detectada pela observação de qualquer dado experimental, são as próprias conclusões da ciência sobre o embrião humano a oferecer uma 'indicação valiosa para discernir racionalmente uma presença pessoal desde esse primeiro aparecer de uma vida humana: como um indivíduo humano não seria pessoa humana?'. A realidade do ser humano, com efeito, ao longo de toda a sua vida, antes e depois do nascimento, não permite afirmar nem uma mudança de natureza nem uma gradualidade de valor moral, porque possui uma plena qualificação antropológica e ética. O embrião humano, por isso, possui desde o início a dignidade própria da pessoa."

    Ou seja, a autoridade máxima do Magistério da Igreja em termos de doutrina moral não afirma categoricamente que o embrião é um ser vivo. Pelo contrário, todo o debate moral construído sobre o tema parte do princípio que o embrião, desde o zigoto, é um serviço "em potencial". Baseia esta afirmação em pesquisas científicas desenvolvidas pela Academia Pontifícia para a Vida. Por isso, a Igreja Católica entende como princípio moral sua defesa.

    E aí chegamos à dificuldade do debate pela vida que se apresenta neste post: a sua aparência de ser um debate entre fé e ciência. Não é. O debate é travado entre cientistas, e nos marcos da ética científica. Do lado pró-vida, estão cientistas de diversas denominações, que entendem ser importante defender a integridade do embrião desde o zigoto. Do outro lado estão aqueles que pensam diferente: há desde os defensores da diferenciação a partir do 3º mês até os que negam a diferenção antes do nascimento.

    A Academia Pontifícia para a Vida reúne 70 cientistas. Em seu último Congresso, reuniu mais de 400 cientistas. Sim, a maioria é católico. Sim, a Declaração Final deste Congresso termina com uma citação do Papa. Contudo, eles não são menos cientistas que os outros. Estes assumem sua orientação ética baseada no cristianismo. Os outros não assumem, mas seu discurso se baseia orientações ideológicas dos mais variados vieses: utilitarista, pós-moderna, marxista, liberal. Não há cientista que atue sem orientação ideológica.

    Contudo, ao colocar o debate em termos pelos quais o cientista cristão ou fiel de qualquer outra religião tem a obrigação de esconder suas opções éticas, por serem "superticiosas", enquanto os outros podem manifestá-las, significa transformar os religiosos em cidadãos de segunda categoria.

    Neste difícil embate, qual o dever daqueles que defendem a vida? Conduzir o debate para o campo técnico, sempre. Apresentar suas posições com fundamentos científicos. Colocar médicos como porta-vozes.

    sexta-feira, 5 de junho de 2009

    Performance: uma orientação para jovens no Ensino Médio

    Caros,

    O Centro Cultural Pinheiros está promovendo o Programa Performance, com o objetivo de ajudar rapazes que estejam cursando o ensino médio na definição da profissão e dos projetos para a vida adulta. O programa não é uma espécie de cursinho pré-vestibular nem uma mera orientação vocacional, mas pretende ajudar a desenvolver nos jovens a maturidade e a definição de um projeto de vida.

    Mais informações, no site.

    quinta-feira, 4 de junho de 2009

    Médicos e Enfermeiros: Diferenças de abordagem

    Os Códigos de Ética dos médicos e dos enfermeiros adotam abordagens diferentes em relação ao tema do aborto.

    O artigo 43 do Código de Ética Médica tem uma redação sabonete: "É vedado ao médico descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos ou tecidos, esterilização, fecundação artificial e abortamento". Ou seja, o limite ético do médico é apenas o que determina a lei, e o aborto está no mesmo patamar ético do transplante de órgãos.

    Já o artigo 28 do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem é direto: "É proibido provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação. Parágrafo único: Nos casos previstos em lei, o profissional deverá decidir, de acordo com a sua consciência, sobre a sua participação ou não no ato abortivo". Ou seja, o enfermeiro tem o dever de se recusar a fazer um aborto se sua consciência for contrária à prática.

    quarta-feira, 3 de junho de 2009

    Dificuldades do debate pela vida (1)

    Este post é o primeiro de uma série que pretende debater a forma como o movimento em defesa da vida faz o debate sobre temas importantes como aborto, combate a AIDS e planejamento familiar. O objetivo é apontar as dificuldades do lado de cá (pela vida) no debate com o lado de lá.

    Dito isto, vamos ao primeiro ponto. Vejamos como duas instituições de lobby, uma pró-vida e outra contrária, se apresentam ao distinto público em seus sites da internet:

    A Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família - PROVIDAFAMÍLIA é uma organização legalmente constituída em assembléia geral de 19 de março de 1993. Tem seu estatuto registrado no Cartório do 1° Ofício de Registro Civil de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas sob o n° 2.671, no Livro A-4, Protocolado sob o n° 13.904, em 5 de julho de 1993, em Brasília, DF.

    Finalidades:
    1. defesa da vida humana desde a concepção até a morte natural, sem exceções;
    2. defesa dos valores morais e éticos da família,.

    A BEMFAM, BEM-ESTAR FAMILIAR NO BRASIL, é uma organização não-governamental brasileira, de ação social, sem fins lucrativos, fundada em 1965.  Focada nas necessidades da população, realiza ações voltadas para o desenvolvimento social local.  Sua base está na defesa dos direitos humanos, na promoção da educação e da assintência em saúde sexual e reprodutiva (SSR).  A BEMFAM desenvolve parcerias, com os setores público e privado, que visam contribuir para implementação de políticas sociais, em especial aquelas voltadas a saúde da mulher.

    Pois é. Enquanto uma associação pró-vida se apresenta como uma instituição de campanha, a outra se coloca como uma parceira da sociedade na execução de políticas de planejamento familiar. Na hora "h", quem está ao lado da mãe?

    O movimento em defesa da vida tem o que apresentar em termos de políticas sociais? Claro. Portanto, deveria fazê-lo. Qual o problema de se firmar parcerias com prefeituras, por exemplo, para implantação do programa ABC no combate a AIDS? Nenhum.

    Para quem não conhece, o programa ABC é o responsável pela queda na incidência de AIDS em Uganda, país da África que apresenta os melhores resultados neste aspecto. Se baseia em três pilares, representados pelas iniciais:
    • A de Abstinence (Abstinência), ou seja, orientação aos jovens solteiros para evitar comportamentos promíscuos
    • B de Be Faithful (seja fiel), ou seja, orientação a casais para evitarem a infidelidade e frequência a prostíbulos
    • C de Condons (camisinhas), ou seja, distribuição de preservativos para grupos de risco
    Implante-se um programa como este em uma cidade como Pouso Alegre ou Varginha, cidades onde o prefeito é do mesmo partido do deputado Odair Cunha, um dos autores do Estatuto do Nascituro. No começo com certeza haverá críticas. Contudo, os resultados mostrarão que a opção foi correta, e o modelo poderá ser implantado em outros locais.

    A adoção de políticas sociais alinhadas às propostas do movimento em defesa da vida ajudará muito mais a ganhar a opinião pública que a mera disputa política no Congresso Nacional.

    Obs.: este blogueiro não consultou nenhuma das instituições citadas acima, apenas acessou o site delas. Por isso, está disponível para corrigir a informação, caso seja necessário.

    Um Convite

    Amanhã, às 19h30, será o lançamento da edição número 3 da revista Dicta & Contradicta, que reune um contingente de autores mais ou menos conservadores do Brasil. O grupo varia, tendo desde Olavo de Carvalho a Luís Pondé.

    O evento será na Livraria Cultura do shopping Villa Lobos, e contará com uma apresentação do economista Eduardo Gianetti da Fonseca, com o tema "Há pensamento sério no Brasil?"

    Para quem estiver em São Paulo, vale a pena participar. Abaixo o convite:


    Bispos americanos condenam morte de Tiller

    Da agência Zenit:

    Em nome da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, o cardeal Justin Rigali, arcebispo da Filadélfia, presidente do Comitê de Atividades Pró-vida dos bispos americanos, lamentou profundamente o assassinato a tiros do Dr. George Tiller, conhecido por sua prática de abortos.

    "Nossa conferência episcopal e todos seus membros denunciaram de forma constante e pública toda forma de violência em nossa sociedade, inclusive o aborto, assim como o recurso equivocado à violência por parte de alguém contrário ao aborto”, disse o cardeal Rigali.

    “Um assassinato como este vai contra tudo o que defendemos e daquilo que queremos que nossa cultura defenda, isto é, o respeito pela vida de cada ser humano desde sua concepção até sua morte natural. Oramos pelo Dr. Tiller e por sua família”, acrescentou o cardeal Rigali. 

    Neste sentido, diversas organizações católicas dos Estados Unidos se pronunciaram repudiando o assassinato e toda forma de negação da vida. 

    terça-feira, 2 de junho de 2009

    Sobre o assassinato de George Tiller

    O Marcelo Darwinista publicou em seu blog uma notícia debatida por nós na comunidade Pandorama, sobre o assassinato de George Tiller, um médico especializado na realização de abortos de fetos em estágio avançado de desenvolvimento.

    Tenho solicitado entrevistas por e-mail a alguns dos deputados da bancada em defesa da vida na Câmara, e tenho acompanhado por aqui alguns debates estimulados por estes deputados no Congresso. Pretendo fazer, aos poucos, uma avaliação pessoal sobre a luta em favor da vida, baseada principalmente no retorno que chegarem destes parlamentares.

    Graças a Deus o Brasil não tem o tipo de fanático capaz de realizar um assassinato para defender a vida. Não importa qual o ângulo que se analise este tipo de reação: realizar um assassinato em defesa de uma bandeira, por melhor que seja esta, é imoral. É uma atitude semelhante à do próprio George Tiller, por mais que ele se baseasse em pareceres médicos ou coisa que o valha.

    Sobre a realização de abortos em fetos com mais de 22 semanas de gestação, me parece um conta-senso. Quando a medicina neonatal consegue salvar crianças com até 20 semanas de gestação, um médico matar crianças acima desta idade é uma estupidez. Ainda mais quando há famílias sem condições de ter filhos, e que adorariam adotar um.

    Atualização às 11h30 - A obstetrícia não considera aborto um concepto que pese 500 gramas ou mais, ou com menos de20 semanas de gestação. De acordo com parecer do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, se o concepto pesa mais de 500 gramas, é dever do médico fornecer atendimento para salvar a sua vida.

    A quem o acha arrogante...

    “Ainda hoje me custa compreender como o Senhor pôde pensar em mim, destinar-me a este ministério. Mas o aceito de suas mãos, ainda que é algo surpreendente e me parece que vai muito além de minhas forças. Mas o Senhor me ajuda”. O Papa Bento XVI, falando sobre sua eleição às crianças da Infância Missionária.

    segunda-feira, 1 de junho de 2009

    286 visitas

    Para um blog pouco divulgado e com atualização bissexta, conseguimos uma visibilidade interessante: 286 visitas no mês de maio, contabilizadas desde o dia 14. Foi neste dia que o Google AdSense começou a monitorar os acessos a este blog.

    Agradeço aos comentaristas daqui, vários deles amigos meus: Darwinista, Monsores, Nat, Chesterton, Pax, Confetti, Luiz, kyldare. A vocês meu sincero abraço.

    Você já ouviu falar da CPI do Aborto?

    Um requerimento do deputado Luiz Bassuma (PT-BA), o mesmo autor do projeto que cria o Estatuto do Nascituro, pede a instalação da CPI do Aborto, para investigar a realização de abortos clandestinos no Brasil. Apesar de terem sido coletadas 210 assinaturas, 39 a mais que o necessário, para sua abertura, as atividades desta CPI ainda não se iniciaram.

    Diferente da CPI da Petrobras, que divide basicamente governo e oposição, neste caso o buraco é mais embaixo. De um lado, estão parlamentares católicos e evangélicos, tradicionais opositores à legalização do aborto provocado. De outro, a bancada feminina, que reúne tanto deputadas favoráveis ao aborto quanto preocupadas com a mera criminalização das mulheres que abortam. Esta divisão atravessa todos os partidos, da base aliada e da oposição.

    Investigar a realização de abortos clandestinos e o comércio de abortivos deveria interessar a abortistas e não abortistas. Até hoje, todos os números apontados sobre a ocorrência de abortos clandestinos são estimativas, o que dificulta seriamente o debate. Isto porque, apesar de ser crime previsto no Código Penal, a polícia não investiga nem prende os médicos que mantém clínicas de aborto clandestinos.

    sexta-feira, 29 de maio de 2009

    Technorati

    Caros, este blog agora passa a fazer parte da base de dados do Technorati.

    Relação entre católicos e ortodoxos russos

    Na semana de oração pela unidade dos cristãos, vale destacar esta notícia da agência Zenit:

    “Percebe-se um progresso nas relações da Igreja Ortodoxa com a Igreja Católica na Rússia. Nem tudo está resolvido, mas me parece que nos compreendemos melhor agora que antes”. Foi o que afirmou na Universidade de Navarra Igor Vyzhanov, secretário de Relações Internacionais do Patriarcado de Moscou.

    À sua conferência, titulada “Relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica: situação atual”, realizada na Faculdade de Teologia, também assistiram Alfredo López Vallejos, delegado diocesano de Ecumenismo; e Luis Oroz, vigário geral da diocese de Pamplona, informa a Zenit a Universidade de Navarra. 

    Igor Vyzhanov comentou que “existe colaboração entre católicos e ortodoxos russos”, uma vez que exortou a falar com a mesma voz cristã: “São muitas as possibilidades e assuntos que podemos tratar, como a família, o aborto, o matrimônio..., tudo o que toca a vida humana”. Entre as responsabilidades comuns de católicos e ortodoxos para revitalizar as raízes cristãs da Europa, destacou que a tarefa principal é “pregar Jesus Cristo”. 

    Os desafios evangelizadores da Igreja Ortodoxa Russa são amplos. “A Rússia se recupera de seus anos de ateísmo oficial. Temos de evangelizar nossa gente, o que não exclui a necessidade de fazê-lo a nível europeu ou mundial”; e “devemos fazê-lo junto com a Igreja Católica”. 

    Desta forma, acrescentou que “o povo russo não perdeu a fé. O regime comunista tentou tirar a fé do povo sem conseguir”. Também explicou que, nos anos de comunismo, “a fé estava oculta, não morta; e depois das mudanças em nosso país (perestroika), muitas pessoas se converteram à fé”. 

    A seu juízo, o principal desafio da Igreja Ortodoxa na Rússia é “fazer que a fé das pessoas seja mais profunda”. 

    Para conseguir esse aprofundamento, assinalou passos concretos: “catequese nas escolas, atividade dos capelães no exército e nas prisões, estabelecer bons centros de educação superior, trabalhar com os jovens... Nesta atividade social, podemos seguir em muitos aspectos o exemplo e experiência da Igreja Católica”. Por isso, “vejo um grande futuro em nossa colaboração”, concluiu o arcipreste Igor Vyzhanov.

    quinta-feira, 28 de maio de 2009

    Até tu, Voltaire

    Do blog de Felipe de Aquino:

    "Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na santa religião católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela.
    Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle. Meu amigo".

    Até o último minuto, sempre há uma chance. Até para Voltaire.

    quarta-feira, 27 de maio de 2009

    Íntegra do Estatuto do Nascituro

    Quem conhecer ver na fonte o projeto de lei 478/2007, que pretende criar o Estatuto do Nascituro, pode conferir este link.

    terça-feira, 26 de maio de 2009

    Você já ouviu falar do Estatuto do Nascituro?

    Está em discussão na Câmara dos Deputados o projeto de lei 478/2007, que, se aprovado, criará o Estatuto do Nascituro. Este projeto, de autoria dos deputados Luís Bassuma (PT-BA) e Miguel Martini (PHS-MG), dará base legal ao direito à vida de fetos e embriões, e criminalizará de forma mais efetiva o aborto, a divulgação de substâncias abortivas e o congelamento de embriões. 
    O projeto está parado na Comissão de Seguridade Social e Família, mas tem outros três projetos apensados:
    • O PL 489/2007, do deputado Odair Cunha (PT-MG), similar ao texto original
    • O PL 1.763/2007, do deputado Jusmari Oliveira (PR-BA), que dispõe sobre a assistência à mãe e ao filho gerado em decorrência de estupro
    • O PL 3.748/2008, da deputada Sueli Vidigal (PDT-ES), que permite o pagamento de pensão pública à mãe de criança nascida em decorrência de estupro
    Da forma como está redigido, o projeto de lei com certeza gerará disputas judiciais se aprovado, já que entra em conflito com a lei de biossegurança.
    Este blogueiro se compromete a entrar em contato com alguns dos deputados listados acima, para levantar mais informações a respeito deste projeto.

    A Igreja na internet

    O papa está no Facebook e no Youtube. É só conferir

    sexta-feira, 22 de maio de 2009

    Zé Rodrix se foi

    Zé Rodrix, um dos criadores do rock rural, deixou este mundo nesta madrugada. Em homenagem a ele, Sobradinho:



    quinta-feira, 21 de maio de 2009

    Festa do Divino

    Hoje é dia da Ascenção do Senhor - embora no Brasil esta festa seja comemorada no domingo. Em alguns lugares do país, hoje começa a Festa do Divino Espírito Santo. Por isso eu aproveito para fazer menção à história de festa, citando o texto disponível no site da Festa de Mogi das Cruzes:

    O culto do Espírito Santo, de acordo com o historiador português Moisés do Espírito Santo, tem origem na Antigüidade. Entre os israelitas, a Festa de Pentecostes era celebrada cinqüenta dias (sete semanas) depois da Páscoa, sendo uma das quatro festas importantes do calendário judaico: Páscoa, Omar, Pentecostes e Colheitas.
    Ela era conhecida, ainda, com nomes diferentes: das Ceifas, das Semanas, do Dom da Lei, e outros, tendo sido, primitivamente, uma festa agrária dos cananeus.
    Entre os hebreus, o termo shabüoth faz referência à festa que começa cinqüenta dias depois da Páscoa e marca o fim da colheita do trigo. “A Festa do Divino é um eco das remotas festividades das colheitas”.
    Já o culto ao Espírito Santo, sob a forma de festividade, no sentido que iria adquirir mais tarde, se cristaliza no início da Baixa Idade Média, na Itália, com um contemporâneo de São Francisco de Assis, o abade Joachim de Fiori (morto em 1202), que ensinava que a última fase da história seria a do Espírito Santo. Suas idéias chegaram a Alemanha e espalharam-se pela Europa.
    Em Portugal, no séc. XIV, a festa do Divino já se encontrava incorporada à Igreja, como festividade religiosa. A responsável por essa institucionalização da festa em solo português foi a rainha D. Isabel, esposa do Rei D. Diniz (1.279 - 1.325), canonizada como Santa Isabel de Portugal, que mandou construir a Igreja do Espírito Santo, em Alenquer. Em solo português, ela seria fortemente marcada por influências de tradições judaicas, muitas das quais chegaram até nós.
    Com o início da colonização, ela foi introduzida no Brasil, provavelmente desde o século XVII. A figura do Imperador do Divino - criança ou adulto – era o escolhido para presidir a festa. Aqui ela sempre foi uma festa de caráter popular, não figurando entre as quatro festas oficiais celebradas por ordem da Coroa, no período colonial. Mas seu prestígio no início do século XIX era tanto, que em 1822, segundo Luís da Câmara Cascudo, o ministro José Bonifácio escolheu para Pedro I o título de Imperador, em vez de Rei, porque era muito grande a popularidade do Imperador do Divino. Em certas cidades ou vilas do interior, o Imperador do Divino, com sua corte solene, dava audiência no Império, com as reverências privativas de um soberano.

    domingo, 17 de maio de 2009

    O novo perfil religioso dos EUA

    O Trinity College divulgou (e o blog do Pedro Dória colocou em seu site), uma pesquisa sobre o perfil religioso dos Estados Unidos. Analisando o relatório da pesquisa, algumas informações saltam à vista:
    • Houve uma forte queda na quantidade de cristãos nos anos 1990. Contudo, entre 2000 e 2008 isto se estabilizou, com os cristãos oscilando de 76,7% para 76%
    • As denominações protestantes tradicionais (presbiterianos, episcopais e luteranos) perderam espaço para novas denominações protestantes. Os tradicionais caíram de 17,2% para 12,9%, e os novos cresceram de 10,8% para 14,2%
    • Os católicos são o maior grupo cristão individualmente, com 25,1% dos norte-americanos. Destes, mais de 50% são hispânicos
    • Apesar de estarem no centro do debate nacional após o 11 de setembro, os muçulmanos pouco oscilaram, de 0,5% para 0,6%. Contudo, são a religião mais jovem nos Estados Unidos, com 42% de seus membros entre 18 e 29 anos, e 45% entre 30 e 49 anos. Os batistas, por sua vez, são os mais velhos, com 18% acima dos 70 anos
    • Os sem religião somam 15% do país. No entanto, 0,7% se dizem ateus e 0,9% agnósticos, apesar de 2,3% acreditarem que Deus não existe, 4,3% não saberem se Deus existe e 5,7% não se importarem com Ele
    • Para cerca de 30% a religião está fazendo pouco sentido: 26% dos americanos não receberam nenhuma forma de iniciação religiosa (batismo ou bar-mitzva, por exemplo); 30% não fizeram casamento religioso; e 27% não esperam por um funeral religioso
    • As religiões com maior concentração de pessoas com nível superior são as orientais (59%), seguida dos judeus, que fazem jus à sua tradição intelectual, com 57% do total
    O estudo permite apontar que os Estados Unidos de hoje estão mais secularizados que outrora. Contudo, na última década as pessoas não abandonaram a religião, mas trocaram denominações tradicionais por outras mais modernas.

    sexta-feira, 15 de maio de 2009

    Um debate interessante sobre aquecimento global

    Recomendo a quem interessar possa o debate convocado pelo meu amigo virtual Marcelo, também conhecido por Darwinista, em seu blog. Ele está convocando as pessoas para um debate sobre o aquecimento global baseado não em achismos, mas em artigos científicos ou pesquisas realizadas por centros de referência reconhecidos.

    A idéia dele é evitar que as pessoas ganhem o debate com frases do tipo "um vulcão emite mais CO2 que o homem é capaz por décadas". Se quiser isso, diga: quem foi lá contar o CO2 emitido pelo vulcão? Qual vulcão é esse? Sua emissão é superior a quantos homens, de que tipo? A emissão foi comparada com uma siderúrgica, por exemplo? Não dá para basear o debate em generalidades.

    Eu entrarei, à distância, citando não um artigo científico. Citarei os bispos latinoamericanos, em seu Documento de Aparecida, aprovado e divulgado em 2007: 

    "Junto com os povos originários da América, louvamos ao Senhor que criou o universo como espaço para a vida e a convivência de todos seus filhos e filhas e no-los deixou como sinal de sua bondade e de sua beleza. A criação também é manifestação do amor providente de Deus; foi-nos entregue para que cuidemos dela e a transformemos em fonte de vida digna para todos. Ainda que hoje se tenha generalizado uma maior valorização da natureza, percebemos claramente de quantas maneiras o homem ameaça e inclusive destrói seu ‘habitat’. “Nossa irmã a mãe terra” é nossa casa comum e o lugar da aliança de Deus com os seres humanos e com toda a criação. Desatender as mútuas relações e o equilíbrio que o próprio Deus estabeleceu entre as realidades criadas, é uma ofensa ao Criador, um atentado contra a biodiversidade e, definitivamente, contra a vida. O discípulo missionário, a quem Deus encarregou a criação, deve contemplá-la, cuidar dela e utiliza-la, respeitando sempre a ordem dada pelo Criador.

    A melhor forma de respeitar a natureza é promover uma ecologia humana aberta à transcendência que, respeitando a pessoa e a família, os ambientes e as cidades, segue a indicação paulina de recapitular as coisas em Cristo e de louvar com Ele ao Pai (cf. 1  Cor 3,21-23). O Senhor entregou o mundo para todos, para os das gerações presentes e futuras. O destino universal dos bens exige a solidariedade com a geração presente e as futuras. Visto que os recursos são cada vez mais limitados, seu uso deve estar regulado segundo um princípio de justiça distributiva, respeitando o desenvolvimento sustentável." (Documento de Aparecida, pontos 125 e 126)

    quinta-feira, 14 de maio de 2009

    O Papa no Oriente Médio

    Agora que acabou gostaria de fazer um rápido balanço da visita do Papa ao Oriente Médio. Alguns pontos de atenção:
    • A Visita gerou dividendos importantes para os cristãos do Oriente Médio, ao fortalecer laços com lideranças muçulmanas e judaicas, inclusive no diálogo teológico
    • Considerando que a maioria dos cristãos da Terra Santa são de origem árabe, de certa forma a agenda de Bento XVI pode ajudar a melhorar a situação dos árabes israelenses e palestinos. Hoje os postos de inspeção de israel dificultam o trabalho de sacerdotes que deslocam entre Israel e a Palestina
    • Houve um esforço para gerar confusão com as palavras do Papa. Não tem como negar: Bento XVI condenou frontalmente o antissemitismo e o Holocausto
    • O diálogo com o rabinato pode possibilitar mudanças na forma como Pio XII é percebido na comunidade judaica. O Papa se comprometeu a abrir os arquivos relativos ao período da Segunda Guerra para pesquisadores judeus
    • Quanto à comunidade Palestina, o Papa defendeu de forma definitiva a necessidade de se chegar à paz e de assegurar aos palestinos um estado independente
    • Por fim, a visita busca fortalecer a posição dos cristãos orientais, perseguidos tanto dentro de Israel quanto nos países árabes

    sexta-feira, 8 de maio de 2009

    Ásia e África ordenam mais padres

    Da agência Zenit:

    O número de sacerdotes diocesanos evoluiu de maneira divergente ao de sacerdotes religiosos nos últimos anos, crescendo o primeiro e diminuindo o segundo. Este é um dos dados que se desprende do Annuarium Statisticum Ecclesiae, publicado nestes dias, segundo informa nesta quinta-feira a edição diária italiana de L'Osservatore Romano.

    O Anuário, preparado pelo Escritório Central de Estatística da Santa Sé e editado pela Livraria Editora Vaticana, oferece dados estatísticos e gráficos que mostram os principais indicadores sobre a ação da Igreja nos cinco continentes no período 2000-2007.

    O total de sacerdotes diocesanos no mundo cresceu 2,5% – passando de 265.781, em 2000, a 272.431, em 2007 – e o de sacerdotes religiosos diminuiu 2,73%, chegando a algo mais de 135 mil em 2007.

    Com relação à diminuição de sacerdotes religiosos, o informe destaca a diminuição, além da Europa e na Oceania, no continente americano, onde passaram, de 45 mil em 2000, a menos de 42 mil em 2007.

    Em termos percentuais, os sacerdotes só estão claramente em declive na Europa, onde em sete anos passaram de representar 51% do total mundial a menos de 48%.

    Não obstante, existe um forte impulso em alguns países da Europa do Leste, sobretudo na Polônia.

    Itália, França e Espanha representam ainda, apesar da diminuição, quase a metade dos sacerdotes europeus; e destes, quase a metade é só da Itália.

    Continua aumentando o número de sacerdotes na Ásia e na África. Na África, quase a metade provém de quatro países: República Democrática do Congo (que em 2007 acolhia 16% dos sacerdotes africanos), Nigéria, Tanzânia e Uganda.

    América e Oceania tendem a manter estável sua cota de sacerdotes. Os da América representam pouco menos de 30% de sacerdotes de todo o mundo e os da Oceania, pouco mais de 1%.

    O Anuário Estatístico da Igreja 2007 mostra uma «significativa e esperançosa dinâmica evolutiva» do número de diáconos permanentes que, segundo o jornal vaticano, de 2000 a 2007, aumentou em 29% e subiu para 35.942.

    Com relação aos religiosos professos não-sacerdotes, o estudo reflete uma diminuição de 55.057, em 2000, a 54.956, em 2007.

    Por continentes, diminuiu o número de religiosos na Europa (13,82% em 7 anos) e na Oceania (15,8%), manteve-se na América e aumentou na Ásia (31,1%) e na África (9,16%).

    De qualquer forma, os religiosos da Europa representam ainda 34% dos de todo o mundo. Concretamente, o estudo destaca uma tendência positiva na Ucrânia, Romênia, Hungria e Áustria.

    O número de religiosas diminuiu de 800 mil a 750 mil em oito anos. Quase 42% delas residem na Europa e 60% destas, na França, Espanha e Itália.

    Contudo, em termos evolutivos, é na Ásia e na África onde mais aumentou o número de religiosas de 2000 a 2007

    Com relação aos seminaristas, o aumento de 4,83% de 2000 a 2007, passando de 110.583 a 116 mil, é atribuível também à África e à Ásia, com um ritmo de crescimento de 21,32% e 20,35%, respectivamente.

    Destaca-se o número de seminaristas na Nigéria, República do Congo, Índia e Filipinas.

    Pelo contrário, o número de candidatos ao sacerdócio na Europa diminuiu 17% de 2000 a 2007. Destaca-se a diminuição de seminaristas na Espanha e na Bélgica, mas também na Europa Oriental (Hungria, Lituânia, Romênia e Eslovênia).

    Por isso, os sacerdotes europeus passaram de representar 24% de sacerdotes do mundo, em 2000, a pouco mais de 19%, em 2007.

    O número de católicos batizados se mantém estável no mundo, em torno de 17,3% da população. Em 2007, havia 1.147 bilhão de católicos, frente a 1.045 bilhão de 2000.

    A Europa acolhe quase 25% da comunidade católica mundial, mas aparece como a área menos dinâmica, com um crescimento do número de fiéis levemente superior a 1%; 40% da população da Europa é católica batizada, ainda que em alguns países como Itália, Malta, Polônia e Espanha, os batizados superem 93% da população residente.

    De 2000 a 2007, os fiéis batizados na América e na Oceania cresceram menos que a população (9,5% e 10,1%, respectivamente), mas não é assim na Ásia e menos na África.

    segunda-feira, 16 de março de 2009

    Homenagem a Nathália Dill

    Enquanto redigo um post sobre médicos, incluo um vídeo em homenagem à atriz Nathália Dill, que fará a santinha da novela Paraíso, de benedito Rui Barbosa.

    quarta-feira, 11 de março de 2009

    Mais um olhar sobre crianças exploradas

    Recomendo aos meus dois leitores e meio a leitura deste artigo de Dom Orani João Tempesta, novo arcebispo do Rio de Janeiro, sobre a história do aborto e da excomunhão. O artigo pode ser lido aqui.

    terça-feira, 10 de março de 2009

    Oportunistas

    Peço licença para citar um blogueiro com quem raramente concordo, o jornalista Reinaldo Azevedo. Volto em seguida, como ele mesmo faz:

    Leitores me mandam trechos de coisas veiculadas na TV Record sobre o bispo dom José Sobrinho, a Igreja Católica etc.

    O autoproclamado “bispo” Edir Macedo, dono da seita neopentecostal Igreja Universal do Reino de Deus e da Rede Record, por espertíssimo, SABE MUITO BEM O QUE FAZ. Os que não são Macedo nem da Universal, por idiotas, não sabem.

    E, curiosamente, nesse caso, segundo percebo, os muito espertos e os muito idiotas estão dizendo as mesmas coisas.

    Os muito espertos esperam obter algum benefício enxovalhando a Igreja Católica. Os muito idiotas esperam apenas que a Igreja Católica obtenha algum prejuízo. Para um pragmático, como Macedo, o importante é ganhar. Para os cretinos que acreditam falar em nome de princípios, basta que a Igreja perca.

    Entendo. Em um livro de memórias, Macedo recorre ao 
    Eclesiastespara defender o aborto. Trata-se, claro, de uma aberração. O trecho que ele seleciona simplesmente não o autoriza a dizer que a Bíblia permite a prática.

    Mas, dados os valores dos coleguinhas, que agora decretaram que um bispo católico não pode mais defender os princípios de sua religião, Macedo deve ser um homem “moderno, esclarecido e iluminista”.

    Um único culto da Universal faz mais milagres do que Cristo ao longo de sua passagem na Terra e os dois mil anos subseqüentes de cristianismo. O maior de todos os milagres operado por Macedo é ter-se transformado num, como direi?, símbolo da modernidade religiosa.

    Seus pastores vivem tirando o capeta do corpo das pessoas. E, por isso, conhecem o capeta como ninguém. A Igreja Católica, pelo visto, faz mal em dar pouca pelota para o diabo.


    Voltei

    Só para constar, Judas, o discípulo traidor, praticou milagres antes de entregar Cristo. Milagres não são sinal de santidade. Fé sim.

    Sobre excomunhão e falência dos valores

    Não importa onde se vá, um dos temas em debate é a excomunhão dos responsáveis pelo aborto de uma menina de 9 anos no Recife, realizado com autorização judicial. O alvo, como sempre, é a Igreja, acusada de todos os pecados do mundo. O problema é complexo, e exige uma análise fria:

    Aspectos jurídicos
    • Disse isso no blog do Pedro Dória - e por isso recebi muitos elogios, de "comedor de hóstia" para baixo: em caso de aborto, a excomunhão é latae sententiae. Isto é, ela acontece independentemente de ter sido ou não declarada. O cânon 1398 do Código de Direito Canônico assim o estabelece para o caso de aborto. Como a menina, por ser menor de 16 anos, não pode ser excomungada, a pena cai sobre os responsáveis, ou seja, a mãe, a equipe médica, o advogado da família e o juiz.
    • Uma pena latae sententiae pode ou não ser declarada. Se declarada, acrescenta punições públicas. Isto geralmente acontece quando o juiz, no caso o bispo, avalia que há grave dano à Igreja ou à moralidade.
    • Por opção pastoral, a pena latae sententiae pode não ser declarada, ou que facilita para o fiel regularizar a sua situação. Uma excomunhão declarada só pode ser remida pelo bispo ou pela Sé Apóstolica, dependendo de quem declarou a excomunhão. Uma excomunhão não declarada pode ser remida pelo confessor, durante a confissão.
    • Ao optar por declarar a excomunhão, o arcebispo de Olinda e Recife tomou uma decisão juridicamente adequada. Contudo, do ponto de vista pastoral, é ambigua. A declaração da excomunhão poderia ser substituída por uma conversa particular com a família da criança.
    Peso dos pecados
    • Embora o aborto seja expressamente punido com a excomunhão, não há diuferença de peso entre ele e o abuso praticado pelo padrasto. Ambos são pecados graves. Tratam-se de matérias graves (direito a vida em um, castidade em outro), praticadas com conhecimento de que se tratavam de pecados, e com firme decisão da vontade.
    • Pelo contrário, o fato de a criança ter sido abusada atenua a culpa do aborto. Disse isso no blog do Pedro Dória, mas ninguém entendeu.
    • Para efeitos canônicos, tanto o padrasto quanto os responsáveis pelo aborto estão impedidos de receber os sacramentos. A diferença é que o padrastro, se estiver arrependido, pode procurar o confessor, enquanto os outros dependem de uma remissão da Arquidiocese de Olinda e Recife ou da Santa Sé.
    Papel da Igreja
    • Seguir pesquisa de opinião pública é tarefa de departamento de marketing ou de partido político. O papel de Igreja não é aceitar esta ou aquela prática só porque se tornou costume, mas dar a diretriz moral.
    • Isto se faz por meio da direção espiritual particular e pelo posicionamento público diante de temas de elevada gravidade moral. Este é claramente um caso que exige um posicionamento público.
    • Este tem sido o papel da Igreja em todos os tempos. Por isso mesmo, ela se posicionou contra o incesto na Antiguidade e os duelos na Idade Média, ambas práticas aceitas pelo costume, mas que feriam a moralidade. É o mesmo caso do aborto hoje.
    Falência dos valores
    • Uma sociedade na qual um padrasto seja incapaz de se conter perante uma enteada de nove anos é uma sociedade com seus valores em crise. Ela precisa urgentemente reencontrar o próprio caminho.
    • A família tem sido atacada e desmontada sistematicamente pela modernidade. Cada vez mais, os pais se sentem menos responsáveis pelos filhos, os maridos pelas esposas, as esposas pelos maridos. O trabalho, o lazer e outras coisas estão assumindo o espaço prioritário da família.
    • Além disso, a liberação sexual, ao invés de trazer a liberdade prometida por Wilhem Reich e Herbert Marcuse, trouxeram mais oportunidades de queda para os fracos. Hoje, uma pessoa com dificuldades de se conter perante estímulos sexuais encontra mais oportunidades de perder o controle que no passado recente.
    • É inaceitável que taras e desvios sexuais sejam tratadas como uma questão de livre opção, e não como fraquezas humanas, que exigem nossa atenção e cuidado.
    É o que eu tenho para falar.