Entrar em certos debates tem sido um desafio árduo. Um deles é a correlação direta entre nazismo e ateísmo. Tenho presenciado diretamente circunstâncias nas quais, quando esta correlação é levantada, alguém, geralmente ateu, afirma que o nazismo é cristão. Com base em quais argumentos? Estes.
Diante disso, tomei a iniciativa de tampar o nariz e entrar neste tema. Por que ele é importante? De acordo com a lei de Godwin, “à medida que uma discussão na internet cresce, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Hitler ou nazistas aproxima-se de 1”. Afinal, o nazismo é um dos poucos consensos modernos: ninguém com a cabeça no lugar gosta de ser relacionado a eles.
Para dizer se o nazismo é ou não é cristão, é necessário definir o que é ser cristão. Para isso, adoto a convenção adotada pelo Conic (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs): são consideradas cristãs as denominações que “confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador, segundo as Escrituras e, por isso, procuram cumprir sua vocação comum para a glória de Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, em cujo nome administram o Santo Batismo”. Ou seja, uma doutrina cristã reconhece:
- a divindade de Cristo
- o valor divino da Bíblia (inclusive o Antigo Testamento)
- a doutrina da Trindade, ou seja, do Deus Pai, Filho e Espírito Santo
- a admissão à fé pelo batismo
Só por aí, o nazismo não poderia ser considerado cristão, por rejeitar toda herança judaica na cultura. Isto incluiria todo o Antigo Testamento. Contudo, os defensores da “cristandade do nazismo” alegam que suas raízes estão expressas no livro Mein Kampf, do Hitler. Com estes, pouco adianta dizer que o Mein Kampf é um livro de propaganda, e que Hitler não era conhecido por seu compromisso com a verdade. Se quisermos provar que o nazismo não tem nada a ver com o cristianismo, temos que ir ao texto.
Senão vejamos:
Alinhe isso tudo a uma situação clara de confrontação entre cristãos e nazistas:
- Em 1933, os nazistas perderam em todos os distritos de maioria católica
- O bispo de Munster, D. Clemens Von Galen, foi um dos principais opositores ao regime nazista
- Também o teólogo protestante Karl Barth liderou uma corrente contra o nazismo
- Em 1937, o papa Pio XI condenou o nazismo em sua Encíclica Mit brennender sorge
- Seis mil padres católicos morreram em campos de concentração
Ora quem....aqueles que querem negar a intima relação do nazismo com o socialismo
ResponderExcluirhttp://constitutionalistnc.tripod.com/hitler-leftist/
chesterton
Na verdade, este é o risco da análise genética das idéias - ou seja, de buscar as origens de determinadas teorias. Neste ponto, estou com o professor Goldshimitt, um dos primeiros professores do departamento de filosofia da USP: tudo o que um texto quer dizer está redigido no próprio texto.
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